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Comentário suinícola

Curvas de alimentação - desafios em manual e oportunidades com automação

A estratégia das curvas de alimentação visa conciliar a menor quantidade do alimento mais barato que o suíno pode consumir em cada dia da sua vida para atingir o maior “peso magro” possível

Curvas de alimentação - desafios em manual e oportunidades com automação

Curvas de alimentação não são novidade para o suinocultor, porém essa valiosa técnica é pouco usada no Brasil e quando é, geralmente tem sua estratégia montada em saltos semanais, não traduzindo com precisão as necessidades diárias do metabolismo dos suínos comprometendo a máxima lucratividade ou por desperdício de ração ou pela demanda de mais dias para atingir o peso ótimo dos animais.

Ao aplica-la, ficam três possibilidades metabólicas para o suíno, frente do alimento que recebe:

1.       Receber pouco alimento ou de má qualidade em cada dia da sua vida: implica em crescer lentamente limitando a capacidade de rotação da granja e gerando prejuízo dada a possibilidade de ter mais produção com a mesma estrutura.

2.       Recebe alimento na quantidade e qualidade adequadas para cada dia de vida: Nesse cenário o suíno ganha peso como máximo aproveitamento da sua genética, o que resulta em lotes homogêneos e no menor custo de produção quando levado em conta tanto a rápida rotação da granja quanto o custo da ração, isso pode ser alcançado mesmo com coprodutos quando devidamente manejado.

3.       Recebe alimento em grande quantidade de boa ou má qualidade em cada dia ou em certas fases da vida: O caso mais comum é a “ração à vontade”. Ocorre que a quantidade de alimento metabolizado é menor que a consumida, resultando em conversão alimentar mais baixa e desperdício de ração, além de excesso de gordura.

Baseado nesse princípio, a estratégia das curvas de alimentação visa conciliar a menor quantidade do alimento mais barato que o suíno pode consumir em cada dia da sua vida para atingir o maior “peso magro” possível, resultando na melhora do G.P.D. (Ganho de Peso Diário) e C.A. (Conversão Alimentar) gerando rentabilidade porque esses fatores atuam diretamente na nutrição que, por sua vez, responde por cerca de 70% do custo total de produção do suíno.

Apesar dos benefícios é praticamente impossível a um humano gerenciar essas curvas em nível diário considerando que uma granja típica terá suínos em vários dias de vida diferentes e, em algumas, até a separação de gênero é feita, sem mencionar casos de ciclo completo quando gestação, maternidade, creche, crescimento e gestação ocorrem todos ao mesmo tempo.

Mesmo em granjas com automação para auxiliar na alimentação, se essa se limitar a entregar uma quantidade estabelecida por humanos sem tomar decisões por si só com base nos animais, a tarefa continuará árdua e bastante suscetível a erros, mascarando prejuízos sistêmicos e possivelmente rotineiros, ou na produção ou na correta entrega de alimentos a cada suíno.

Quando aplicada por humanos e visando tornar a logística mais realizável, alguns suinocultores optam por construir curvas, o que traz avanços, porém com saltos semanais de alimento. Essas granjas contam com lotes mais uniformes e já desfrutam de otimização no consumo de ração, porém ainda perdem desempenho uma vez que a demanda metabólica de cada animal na granja se altera diariamente, recebendo, durante cada semana, menos do que deveria nos primeiros dias e mais do que deveria nos últimos.

Fotos Atualizadas Comparativo de Curva Diária x Curva Semanal de alimentação (em Kg)

Embora raros, alguns sistemas automáticos permitem não só o desenho das curvas de alimentação “esperadas” para cada grupo de suínos na granja, mas também contam com a possibilidade de desenhar a própria granja nesse sistema, de modo que quando devidamente alimentado, produz e entrega sozinho a quantidade exata de alimento para cada animal, com base em dados como sua idade, baia, sala, galpão, sexo, demanda de medicamentos, etc. Esses sistemas permitem não só o máximo desempenho alimentar dos animais como a avaliação da estratégia frente aos resultados, dando ao gestor a possibilidade de “ajustar curvas” para obter os resultados previstos.

Esses mesmos sistemas devem não somente produzir e entregar autonomamente os alimentos, como gerar relatórios que torne, para o humano, transparente a operação e permita, através das curvas, ajustes estratégicos de matéria prima, formulações, quantidades e substituições de componentes, dando ao suinocultor total flexibilidade para continuamente obter do seu plantel os melhores resultados.

Os sistemas automáticos de alimentação líquida para suínos já nasceram com esse princípio e, os melhores, contam não somente com a entrega automática, mas também com a preparação com base em fórmulas que levam em conta não apenas dados nutricionais, mas também proporções de “matéria seca”, garantindo que os suínos recebam exatamente o que precisam a cada dia, sendo esse um dos fatores que reduzem a conversão alimentar em até 15% quando devidamente implementados.

A contra partida geralmente atrelada aos sistemas automáticos de dieta líquida é que, em geral, esses são importados e, embora no médio prazo compensem, são onerosos na implantação inicial. Mas alternativas nacionais da tecnologia já existem, e podem ser aplicadas com investimentos similares às automações convencionais, porém explorando ao máximo o potencial da computação na otimização das curvas de alimentação.