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História

Exposição "Mídia no Campo" mostra a importância da comunicação para o desenvolvimento do agronegócio

Revista Chácaras e Quintaes foi umas das publicações mais populares voltada para o campo no início do Século XX

Exposição "Mídia no Campo" mostra a importância da comunicação para o desenvolvimento do agronegócio

Uma destas histórias controversas é no que diz respeito a como o homem do campo é encarado pela sociedade, como um ‘Jéca’. Pelo menos desde o séc. XX esta visão não poderia estar mais erradaEm homenagem a 15ª Semana Brasileira de Museus, a revista mais antiga do agronegócio no país figurou a exposição o Museu Municipal Olindo Feldkircher Selbach. Para apresentar as manifestações de meios de comunicação no interior do estado do Rio Grande do Sul, especialmente em zonas rurais, a cidade de Selbach organizou uma Exposição Especial na 15ª Semana Brasileira de Museus. Com o tema “Mídia no Campo”, a mostra reuniu no Museu, nos dias 15 e 19 de maio, um grande acervo com os principais veículos de informação do início Século XX. Entre as mídias, se destacou a revista Chácaras e Quintaes.

Todo o ano é promovido pelo Instituto Brasileiro dos Museus (IBRAM) a Semana Nacional dos Museus, e nesta 15° edição o tema foi Museus e Histórias Controversas – dizer o indizível em museus. “Uma destas histórias controversas é no que diz respeito a como o homem do campo é encarado pela sociedade, como um ‘Jéca’ sem instrução e alienado do que acontece no mundo, pelo menos desde o Século XX esta visão não poderia estar mais errada. Assim, nossa ideia é apresentar como os meios de comunicação contribuíram para o agronegócio”, conta Jorge Rogélson da Silva, apoiador e curador das exposições do Museu Municipal Olindo Feldkircher de Selbach.

“A importância da comunicação para o desenvolvimento do agronegócio é imensa, afinal de contas em um país de dimensões continentais seria virtualmente impossível a livre circulação de tecnologias, implementos e até produtos para o conforto e comodidade do agricultor, sem uma extensa rede de mídias de comunicação”, explica Da Silva.

O curado conta que o rádio, por exemplo, começou nas capitais brasileiras nos anos 1920, mas na década seguinte surgiam nos EUA os “Farm Rádios” ou rádios de fazenda que eram movidos a bateria de automóvel, estes aparelhos permitiam que os agricultores ouvissem a programação, mesmo sem rede de energia elétrica, alguns eram montados dentro de galpões e estábulos alegrando o dia-a-dia puxado dos colonos. Isto provocou a descentralização das estações de rádio no Rio Grande do Sul e também em outros estados na década de 1940, com a criação da Emissoras Reunidas Rádio Cultura Ltda que criou varias estações no interior do estado.  

No início a maioria dos jornais possuía sessões agrícolas e nos reclames sempre havia notícias de venda de terras, gado, grãos e ferramentas, isto ainda durante o primeiro império. Já em 1869 começa a ser publicada a Revista Agrícola do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (RJ) uma das primeiras publicações do ramo.“Quanto a Revista Chácaras e Quintaes foi umas das mais populares publicações voltada para o campo. Com linguagem de fácil entendimento pelos leigos, diferente das revistas anteriores, trazia artigos de cunho científico. Nela muitos pesquisadores publicavam seus artigos. Ela foi criada em 1909 pelo italiano Amadeu Amadei Barbiellini, que chegara ao Brasil em 1907. Foi graças as publicações de anúncios da Chacaras e Quintaes que muitos agricultores tiveram o seu primeiro contato com a mecanização da agricultura”, relata o curador.

Para o curador, a popularidade da Chácaras e Quintaes se deu, principalmente, a linguagem simples. “Além de belas ilustrações, diagramas bem compostos e seções de perguntas e respostas, o que de certa forma já era um tipo de interatividade entre leitor e editor. Os anúncios eram vitais para tornar a vida do homem do campo mais fácil e até mais confortável”, explica.

A partir do ponto de vista cultura, a mídia no campo exerce um papel vital para o produtor. “O homem do campo cada vez mais precisa estar bem informado. No que tange a agricultura hoje temos o problema da confiabilidade das informações já que pela internet somos inundados com fatos não confirmados e de fonte duvidosa. Tem grupos editoriais que podem dar transparência e confiabilidade aos fatos científicos, mercadológicos e até agronômicos é fundamental”, entende.