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Manejo pré-abate

Importância do manejo pré-abate dos suínos sobre o bem-estar e a qualidade da carne

No Brasil, há uma necessidade de ampliação dos estudos na área do bem-estar animal, principalmente para atender às exigências do mercado consumidor, que está cobrando dos produtores e técnicos uma produção de alimentos com menor agressão ao meio ambiente e que respeite os princípios de bem-estar animal

Importância do manejo pré-abate dos suínos sobre o bem-estar e a qualidade da carne

O conceito de bem-estar animal está associado a uma boa ou satisfatória qualidade de vida que envolve os seguintes aspectos referentes ao animal: saúde física e metal, índices de produtividade, a longevidade e o comportamento dos animais. HUGHES (1976) define o bem-estar animal como “um estado de completa saúde física e mental, em que o animal está em harmonia com o ambiente que o rodeia”. Já e BROOM (1986) define com o bem-estar de um indivíduo é seu estado em relação às suas tentativas de adaptar-se ao seu ambiente.

A Comissão Técnica Permanente de Bem-Estar Animal (CTBEA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se baseia no conceito de bem-estar utilizado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) onde um bom grau de bem-estar animal significa um animal que está seguro, saudável, confortável, bem nutrido, livre para expressar comportamentos naturais e sem sofrer de estados mentais negativos, como dor, frustração e estresse.

A qualidade da carne é o resultado líquido dos efeitos de longo prazo (genética, nutrição e sanidade) e de curto prazo, como o manejo pré-abate, que envolve as seguintes etapas: preparação dos suínos na granja, tempo de jejum na granja, embarque, transporte, desembarque, período de descanso no frigorífico e métodos de atordoamento e de abate (WARRIS, 2000). Dessa forma, essas atividades que antecedem o abate dos suínos requerem extrema atenção, pois podem comprometer todo o ciclo de produção.

A necessidade de profissionais qualificados na área de bem-estar animal é indiscutível, sobretudo na suinocultura, pois a sociedade brasileira já vem nos questionando sobre que medidas estão sendo tomadas a fim de melhorar a qualidade de vida dos animais, respeitando assim os anseios desse consumidor quanto ao seu modo de vida e a uma produção de alimentos éticos.

No campo científico, para caracterizar as medidas do bem-estar animal, devem ser abstraídos os julgamentos e as considerações de cunho subjetivo (por exemplo, os julgamentos de cunho moral ou religioso). Dessa forma, ao mesmo tempo em que devem ser valorizados os parâmetros objetivos, também torna-se necessário padronizar aquelas avaliações que tenham origem nas características subjetivas (em especial as organolépticas). Produtividade, sucesso reprodutivo, taxa de mortalidade, comportamentos anômalos, severidade de danos físicos, atividade da glândula adrenal, grau de imunossupressão ou incidência de doenças, são fatores que podem ser medidos e que refletem o grau de bem-estar dos animais (BROOM & JOHNSON, 1993). Também é possível medir as preferências dos animais e o valor que eles atribuem a vários recursos ou aspectos do seu ambiente físico e social (FRASER & BROOM, 1990). Além disso, problemas de bem-estar resultam frequentemente em produção de carne de menor qualidade, com perdas quantitativas e qualitativas da carne.

No Brasil, há uma necessidade de ampliação dos estudos na área do bem-estar animal, principalmente para atender às exigências do mercado consumidor, que está cobrando dos produtores e técnicos uma produção de alimentos com menor agressão ao meio ambiente e que respeite os princípios de bem-estar animal. A exigência dos consumidores em relação a esses fatores da produção é crescente. Assim, o assunto bem-estar animal vem de “fora para dentro“, ou seja, se expressa da sociedade para a atividade de produção animal específica, e tem se apresentado cada vez mais como uma preocupação moral das pessoas desde as últimas décadas do século passado.

Também é verdade que esta questão pode ser um entrave, mesmo que indiretamente, na comercialização e no consumo de produtos de origem animal. Em vários países importadores de carne brasileira, a questão do bem-estar animal vem se tornando uma preocupação crescente, e a sociedade tem demandado um número cada vez maior de resoluções que melhorem a qualidade de vida dos animais, obrigando os produtores e frigoríficos a realizarem investimentos em instalações e equipamentos. Embora não haja uma previsão segura sobre as tendências nas regras do mercado internacional no que diz respeito a restrições comerciais, as pressões de grupos pró-bem-estar, com o objetivo de atingir a imagem de estabelecimentos comerciais que vendem carnes importadas de países onde supostamente os animais são criados em condições percebidas como desumanas, tornam-se cada vez mais intensas.