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Crise na Suinocultura

Para unificar a cadeia produtiva contra a crise, ABCS divulga carta aberta à suinocultura brasileira

Em conjunto com a Frente Parlamentar da Suinocultura, ABCS está programando uma audiência pública em Brasília (DF) para discutir o aumento do preço do milho e suas consequências para produção do setor. Requerimento já foi apresentado e aguarda a deliberação da data. Audiência deve acontecer em agosto.

Para unificar a cadeia produtiva contra a crise, ABCS divulga carta aberta à suinocultura brasileira

Diante das dificuldades econômicas enfrentadas pelos suinocultores, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, Marcelo Lopes, divulgou hoje (21/07) uma carta aberta à suinocultura brasileira.   

Nela, Lopes faz uma análise da conjuntura do setor, que enfrenta sérios problemas causados principalmente pela forte elevação de custos de produção e pela retração da economia brasileira. Nos últimos 12 meses, o preço do milho, principal insumo de alimentação dos suínos, registrou uma valorização de 70%. Ao mesmo tempo, a crise econômica brasileira comprometeu o poder de compra dos consumidores, reduzindo as vendas de carnes no varejo. De acordo com levantamento da ABCS, hoje, para cada animal vendido, o prejuízo do suinocultor gira em torno de R$100,00.

Perante o que chama de “uma das piores crises da história”, a ABCS, em conjunto com a Frente Parlamentar da Suinocultura, está programando uma audiência pública para discutir o aumento do preço do milho e suas consequências para produção do setor.

O requerimento já foi apresentado e aguarda a deliberação da data. A audiência deve acontecer  em agosto. “Enquanto isso, precisamos que o setor esteja unificado e preparado o momento que virá. Com o recesso do Congresso, os deputados federais estarão em suas bases para receberem demandas e sugestões. Contamos com a movimentação de vocês para procurar nossos representantes e expor os problemas para voltarmos com mais força para esta audiência pública”, afirma Marcelo Lopes.

Abaixo segue a íntegra da carta:

“Ao longo das últimas décadas, a suinocultura brasileira passou por fortes transformações para atender os anseios dos consumidores por um alimento saudável, seguro e barato. Investiu-se consistentemente em novas tecnologias, equipamentos, melhoramento genético, nutrição, entre outros, e graças a evolução dos indicadores técnicos e financeiros o Brasil alcançou o posto de 4º maior produtor e exportador mundial de carne suína. 

Entre empregos diretos e indiretos a suinocultura gera mais de 1 milhão de vagas e, mesmo com toda a retração da economia brasileira, registrou aumento de produção de 5,7% em 2015. A cada ano são exportadas cerca de 550 mil toneladas de carne suína, trazendo mais divisas para o país, e a previsão é de crescimento constante para os próximos anos. 

Entretanto, apesar de toda sua importância e contribuição para a economia e balança comercial brasileira, hoje esta cadeia está em risco. O atual momento econômico do país vem afetando diretamente a atividade, fazendo a suinocultura enfrentar uma das piores crises de sua história.  Com o milho, principal insumo para produção de suínos e responsável por 50% do custo de produção, apresentando alta de mais de 70% no último ano e sendo cada vez mais escasso no mercado interno devido ao aumento da exportação, os custos de produção vem se mantendo em patamares muito acima dos valores de comercialização do suíno vivo. 

Para cada animal vendido o prejuízo gira em torno de R$100,00. Esta situação já ocasionou o fechamento de algumas granjas e, permanecendo este cenário, certamente muitos outros suinocultores deixarão a atividade em poucos meses. A situação é ainda mais alarmante para os produtores independentes, sobretudo pequenos e médios, que já não conseguem arcar com as despesas e não tem acesso a linhas de crédito para recompor seu fluxo financeiro. 

Em um momento de adversidade como este é necessária a união de toda a cadeia, assim como fizemos em 2012. Uma de nossas missões, de ofertar um produto adaptado ao consumidor atual, ainda pode ser aperfeiçoada. As campanhas de estímulo ao consumo de carne suína realizadas pela ABCS e varejistas tem aumentado expressivamente as vendas, entretanto há uma grande dificuldade em manter os resultados após o período de campanha devido a redução na variedade de cortes e porções oferecidas pelos frigoríficos quando comparadas às opções oferecidas pelo varejo durante suas campanhas. Essa ruptura nas vendas, caso minimizada, poderia contribuir com o aumento da demanda e consequentemente do preço pago ao produtor. Desta forma, é importante reforçarmos junto aos frigoríficos parceiros que a cadeia precisa se reorganizar para melhor atender o consumidor, do contrário continuaremos muito limitados no crescimento do consumo e estáticos apenas esperando que o governo resolva nossos problemas.

Ao mesmo tempo, precisamos fazer um movimento conjunto e unir forças da suinocultura de norte a sul do país para pleitearmos medidas efetivas que nos auxiliem a passar por este momento conturbado. Sozinhos, estamos buscando soluções individuais e não temos obtido sucesso, mas unidos podemos fazer uma pauta única junto aos órgãos oficiais e trazer respostas concretas para o nosso setor. A ABCS e a Frente Parlamentar da Suinocultura estão programando uma audiência pública para discutirmos o aumento do preço do milho e suas consequências para nossa produção. O requerimento já foi apresentado e estamos aguardando a deliberação da data, provavelmente em agosto. Enquanto isso, precisamos que o setor esteja unificado e preparado o momento que virá. Com o recesso do Congresso, os deputados federais estarão em suas bases para receberem demandas e sugestões. Contamos com a movimentação de vocês para procurar nossos representantes e expor os problemas para voltarmos com mais força para esta audiência pública. 

Pedimos a todos que se preparem e se organizem para participar conosco deste momento de discussão conjunta. Temos certeza de que juntos conseguiremos chamar a atenção para os nossos problemas e passar por mais este obstáculo. A ABCS se compromete a manter a todos atualizados de acordo com os desdobramentos junto ao Congresso Nacional. 

É hora de mostrar a nossa força!”

Marcelo Lopes