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Produção

Perda na indústria da carne deve chegar em US$ 1 bilhão, sinaliza associação catarinense

Desse montante, US$ 260 milhões de dólares serão amargados pelas agroindústrias de Santa Catarina. Avaliação é do presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e diretor do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (SINDICARNE) José Antônio Ribas Júnior

Perda na indústria da carne deve chegar em US$ 1 bilhão, sinaliza associação catarinense

Com a suspensão dos embargos à carne brasileira, imposta por mercados mundiais depois da deflagração da “Operação Carne Fraca” da Polícia Federal, os prejuízos poderão ser imensos. A avaliação de José Antônio Ribas Júnior, residente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e diretor do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) é pouco otimista ao prospectar que, até o fim do ano, devem atingir 1 bilhão de dólares na esfera nacional, dos quais 260 milhões de dólares serão amargados pelas agroindústrias catarinenses.

Ribas pontua que essa cifra refere-se a queda nas receitas totais das empresas com o mercado interno e o mercado mundial. O mercado doméstico é prioridade das indústrias, pois absorve 80% da produção de todas as carnes. Do dia 17 (data da opeação da PF) até esta semana, os prejuízos parciais já são avaliados em 200 milhões de dólares no plano brasileiro e em 40 milhões de dólares em Santa Catarina.

A queda nas exportações, que atingiu 99% nos primeiros dias, recuou para 19% nesta semana e deve entrar em lenta marcha de recuperação até dezembro. Mesmo assim, em razão do volume, as perdas no ano atingirão uma cifra bilionária. China, Hong Kong, Egito, Chile e outros países retiraram as restrições, mas, o mercado ainda não retornou à normalidade. “Uma coisa é o país suspender o embargo, outra é voltar a comprar”, assinala o dirigente.

No primeiro semestre deste ano a redução das exportações será mais acentuada e o ano deve encerar com queda de 10% em faturamento e de 5% a 6% em volume. A cadeia da avicultura industrial catarinense responde por 26% da exportação brasileira.

Ribas enalteceu o papel do SIF (serviço de inspeção federal) e destacou que as plantas habilitadas a exportar recebem, a cada ano, cerca de 200 inspeções técnicas de missões estrangeiras. Santa Catarina produz a melhor e a mais segura carne do planeta, pontou o representante. “As indústrias são as mais modernas e as condições sanitárias são as mais qualificadas, livre de febre aftosa sem vacinação e de outras doenças. Ninguém vende para 150 países se não tiver qualidade e segurança”, enfatizou. Das 21 plantas brasileiras indiciadas pela Polícia Federal na operação Carne Fraca, apenas seis estavam vendendo ao mercado externo.

O representante da cadeia produtiva catarinense ressalta que os mercados não serão retomados automaticamente e exigirão muitos esforços das empresas e do governo. Os embarques não realizados e os preços impactados negativamente (muitos países importadores barganham redução em razão do desgaste que o episódio provocou) determinarão a queda de receita. Por isso, haverá uma fase de ajustes no setor produtivo e, possivelmente, muitas indústrias reduzirão o ritmo de produção e algumas darão férias coletivas.