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Manejo

Preparação de leitoas: uma garantia para o futuro do rebanho

Professor Paulo Silveira elaborou um estudo sobre a qualidade do plantel de reprodução inicia com a preparação correta das leitoas na edição do Guia Gessulli, em 2012.

Preparação de leitoas: uma garantia para o futuro do rebanho

SuinoculturaA qualidade do plantel de reprodução inicia com a preparação correta das leitoas. Uma taxa de remoção ao redor de 45% significa que quase metade do plantel de matrizes deve ser reposto com leitoas a cada ano. O que buscamos com a reposição de reprodutores no plantel? Garantir a continuidade da produção, incorporando ganhos genéticos para melhorar a produtividade, sem afetar negativamente a sanidade do plantel. Por sua vez, para que uma leitoa proporcione ganhos financeiros para a produção, ela não deve ser removida do plantel antes de desmamar três leitegadas. Isto está intimamente correlacionado com a sua longevidade.

Nos últimos anos a seleção genética para matrizes esteve de um lado direcionada para um baixo consumo de ração, conversão alimentar e alta deposição de tecido magro, e por outro lado para uma alta prolificidade e alta produção de leite. Assim nas atuais matrizes hiperprolíficas aumentou o tamanho e o peso, reduziu o teor de gordura corporal e aumentou a produção de leite. Deste modo, existe um crescente desafio no preparo e manejo de marrãs, porque as mesmas se tornarão matrizes mais exigentes, com uma forte tendência para perda de condição corporal na primeira e segunda lactação, o que pode conduzir à falhas reprodutivas, redução da produtividade e com isso alta taxa de reposição, com risco aumentado de descarte antes do 3º parto. As matrizes estão mais vulneráveis aos fatores de estresse de ordem nutricional, de manejo e ambientais. Assim, as leitoas são responsáveis por um importante efeito nos resultados produtivos do rebanho, pelo seu potencial de, em curto prazo, comprometer o rendimento técnico e econômico da produção. Independente de lidarmos com reposição própria ou aquisição de granjas multiplicadoras, a correta seleção e preparação de marrãs está diretamente relacionada ao seu desempenho reprodutivo e a sua longevidade no rebanho.

Entradas no rebanho

Nos casos em que a granja produz seus animais de reposição, a  produção adequada de marrãs inicia na maternidade continuando ao desmame, na saída da creche; na seleção ao redor de 20 semanas de idade, até a seleção final, após a indução da puberdade. As fêmeas selecionadas como futuras reprodutoras devem ter pelo menos 1,5 kg ao nascer e mais de 6,0 kg ao desmame (21 dias).

Independentemente da produção ou aquisição, a seleção de leitoas deve considerar: tamanho da vulva, profundidade; aprumos; tetos salientes e sem falhas; sete ou mais pares de tetas funcionais; ser filha de porca prolífica e ter bom desempenho em ganho de peso (100 kg com 150 dias). Para longevidade é importante selecionar leitoas com muito cuidado quanto à qualidade dos aprumos (cascos e membros). 

Aclimatação de leitoas de reposição 

No caso específico de haver aquisição externa dessas leitoas, existem alguns aspectos básicos a serem observados para se ter sucesso no alojamento dessas fêmeas. Por exemplo, é mais seguro adquirir animais de apenas um fornecedor, realizando uma seleção já nessa etapa.  A seguir é importante ter alojamento com baias amplas, e bem iluminadas. Evitar superlotação (fase de crescimento com 1,0 m2/fêmea e fase de puberdade com 1,5m² /fêmea ou 1,0 m2/100 kg). Formar lotes de 10 -12 animais no máximo.

Cuidados

Sempre promover a entrada de animais através de um alojamento de quarentena (35 dias no mínimo), o que se reveste de importância porque os animais irão adaptar-se aos microorganismos com potencial de causar doença, já existentes na granja. Mais importante ainda é prevenir a entrada de doenças trazidas por esses novos animais e que possam ser transmitidas ao rebanho de porcas já instaladas.

Uma boa alimentação para leitoas

A ração para leitoas de reposição, até a cobertura deve ser específica para essa categoria de animais, sendo menos concentrada em termos de energia e aminoácidos, comparativamente os animais de terminação. Para um bom desenvolvimento ósseo, a quantidade de fósforo e cálcio necessita ser maior. Quando possível, ou no caso de serem criadas na própria granja, sempre haverá ganhos no fornecimento precoce de uma ração especial (na fase de crescimento). Entretanto, no caso de aquisição desses animais, sempre observar recomendações específicas sobre o manejo nutricional de cada genética.

Alguns aspectos do manejo para indução da puberdade

É uma fase fundamental de manejo específico com o macho.

Idealmente, antes do início da indução da puberdade, as leitoas devem ter sido criadas completamente isoladas da presença, ou mesmo do cheiro e do som do cachaço. Tradicionalmente inicia-se a indução da puberdade aos 150- 160 dias de idade das marrãs, na maioria dos casos isso ocorre logo após a chegada na propriedade. Atualmente, frente aos genótipos modernos também vem sendo recomendado atrazar o início da estimulação em ± 20 -30 dias (início aos 180 dias). A cobrição de animais mais pesados e mais maduros tem sido demonstrado que melhora os dados produtivos e a longevidade das leitoas.

Idealmente as leitoas a serem induzidas com 180 dias de idade devem ser movidas para uma baia coletiva próximo à unidade de cobrição. A troca de ambiente também contribuirá para a entrada no estro.

A cada dia leva-se o cachaço até as leitoas por 15 minutos. Deve-se registrar todos os animais em cio e trabalhar com uma cor específica de marcação para cada semana, utilizando assim três diferentes cores para cada uma das três semanas de um ciclo estral. As fêmeas que exibem o estro nos primeiros 20 dias de indução (com menos de 190-200 dias de idade) são as mais produtivas. Devemos estabelecer como alvo uma percentagem 90% de marrãs ciclando após 28 dias indução.

Considerações finais

Quando as leitoas de reposição não estão produzindo adequadamente, sempre será possível auditar e monitorar o consumo de ração; o desenvolvimento corporal, os critérios e a acuidade da seleção e o manejo da inseminação. Manter o controle do peso, da espessura de toucinho lombar, da ocorrência do estro e da idade da inseminação são ações básicas quando se maneja essa categoria de animais.

Marrãs maiores e mais pesadas serão mais fortes e terão maior longevidade no rebanho. Um período de adaptação na chegada à granja é fundamental.

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