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Corrida do Milho

"Tem que ir e comprar rápido, se não sai na exportação", Alysson Paolinelli

Queda nos valores do insumo devido ao avanço da colheita de segunda safra anima produtor, mas presidente da Abramilho afirma que o preço não deve cair muito mais  

"Tem que ir e comprar rápido, se não sai na exportação", Alysson Paolinelli

“Não há como cair preço, milho e soja são os dois produtos mais demandados

A safrinha, ou “safrona”, parece ter tirado a água do pescoço dos compradores de milho. Nas últimas semanas as cotações caíram graças a disponibilidade interna do insumo, que voltou a aumentar. Mas, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, alerta: “tem que ir e comprar rápido, se não sai na exportação”.

Em algumas regiões, a saca de 60 kg chegou a cair R$ 10 em uma semana. Pesquisadores do Cepea indicam que a pressão vem da maior oferta e da retração compradora. Isso se dá devido ao avanço da colheita do milho segunda safra no Centro-Sul do País, que garante, aos poucos, o crescimento da disponibilidade interna do cereal. Com isso, praticamente pela primeira vez no ano, compradores encaram melhores oportunidades de negociação e conseguem exercer pressão.

Veja no gráfico:

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Visto as notícias que emanam sobre o início da queda no preço do insumo, a reportagem dos sites Avicultura e Suinocultura Industrial entrevistou o presidente – executivo da Abramilho, Alysson Paolinelli, que falou sobre “a bola da vez”. Para o ex-ministro, a solução para o “problema” da falta de milho no mercado interno está em políticas públicas que beneficiem os produtores. “A gente tem que aprender com os Estados Unidos que têm um estoque para manter aquela exportação de 40 a 50 milhões de toneladas anuais porque é estratégico, político, aquele país subsidia o milho e faz o que for necessário. No Brasil é o contrário, o produtor é penalizado por produzir milho”, entende.

Paolinelli confirma que o preço do milho tende a cair mais um pouco, “mas não vai cair muito; porque a safra está prejudicada, ela caiu 10% e aqueles 82 milhões de toneladas não vai passar de 77 mi”, afirma. “O milho está nessa bambeada agora porque esta colhendo (e tem milho). Mas tem que ir e comprar rápido, se não sai na exportação”, sugere ressaltando que, mesmo que tenha o produto disponível para compra falta dinheiro para a comercialização: “o governo não dá recurso para que eles (produtores) comprem, que é a falta do dinheiro de comercialização. Se o governo quiser entender isso tudo bem, se não quiser vai acontecer um desastre maior”.

O presidente da Abramilho reforça que o preço vai reagir “não há como cair preço, milho e soja são os dois produtos mais demandados. Já sabemos que a safra caiu, como o preço igualou a tendência é que ele fique mais ou menos estabilizado, mas vai ter déficit”, pondera.

Mesmo com a queda, os valores do milho no mercado continuam bastante acima dos preços mínimos estabelecidos nas políticas do governo, que variam entre R$ 13,56/saca em Mato Grosso e R$ 17,67 no Paraná. A cotação do cereal no País, que atingiu recorde acima de 50 reais a saca recentemente em algumas praças importantes como Campinas, agora está em torno de R$ 46, com a entrada da segunda da colheita da safra pressionando o mercado.

Preço mínimo

Como parte das medidas para melhorar o abastecimento do milho no País, o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, sugeriu o aumento do preço mínimo do milho, que registrou cotações recordes neste ano em meio a uma escassez devido à quebra de safra e após exportações elevadas.

Para o ministro, o preço mínimo do milho deveria ser elevado para cerca de R$ 18 a saca de 60 kg, o que ajudaria a recompor os seus estoques, por meio de uma área maior de plantio. “Os produtores normalmente fazem opção entre soja e milho em função da rentabilidade. Para o produtor fazer as contas e ver a remuneração mínima [que o estimule a plantar milho], sugiro [um valor de] R$18 a saca”, acrescentou o ministro.

Apesar de defender o aumento no estoque de milho, Maggi informou não ver, até o momento, necessidade de o governo intervir no mercado do grão, uma vez que o volume produzido é “mais que suficiente” para abastecimento do mercado interno. Já Paolinelli expõe a certeza de que se o Brasil não fizer um programa de produção de milho irá perder “a grande chance”. “O consumo está crescendo muito; ruim é o governo ver isso e não tomar providência. O governo não tem estoque, não tem dinheiro para fazer preço mínimo, então eles ficam inventando coisa”, diz.

Importação

À Reuters, o Ministro Blairo Maggi disse que o governo vai criar condições para importações de milho, como parte do plano para elevar a oferta. Sobre o assunto, Paolinelli afirma que os produtores de milho não são contra a importação. “Estamos contra mexer na exportação. É natural, faltou deixa exportar. Agora se o Brasil começar a mexer em regra de exportação vai perder mercado”, conclui.