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Mercado externo aberto para o milho brasileiro

Com oferta mundial apertada, Brasil quer marcar posição com suas exportações do grão.

Em um momento em que, por motivos diversos, a oferta de milho no mercado internacional tende a enfrentar aperto mais acentuado, o Brasil busca marcar posição com suas exportações do grão. Esses embarques não têm mostrado tendência definida nos últimos anos, mas, hoje, há fatores que podem abrir espaço para uma participação do Brasil mais efetiva nesse comércio.

Os EUA, grande produtor e exportador global, podem reduzir levemente sua produção na atual temporada, para 307 milhões de toneladas. Se tende a diminuir o uso de milho para a fabricações de rações – esse segmento deve absorver 136 milhões de toneladas em 2008/09, abaixo das 151 milhões de toneladas da temporada anterior -, a produção de etanol à base de oleaginosa deve crescer de 77 milhões para 94 milhões de toneladas, de acordo com a Agroconsult.

A Argentina, outro grande produtor de milho, abatida pela pior estiagem em pelo menos 50 anos, deve encerrar a safra com produção de 13 milhões de toneladas, abaixo das 22 milhões da temporada 2007/08.

Seria a oportunidade ideal para os produtores que pretendessem apostar no ganho de mercado internacional. Os preços atuais da soja, contudo, podem impedir a elevação do plantio do grão “concorrente” – a soja tem maior liquidez para negociação e sua rentabilidade também pode segurar o ímpeto do avanço do milho brasileiro no exterior. Fenômeno semelhante ocorre nos EUA: até o momento, apenas 6% da área a ser ocupada pela soja foi plantada, mas a oleaginosa, por conta de sua perspectiva de rentabilidade, pode ocupar o terreno que originalmente seria semeada com milho. O plantio do grão também está atrasado.

“O mundo vai precisar de milho, e o Brasil tem todas as condições de ocupar esse espaço”, diz André Pessoa, da Agroconsult. ” A tendência é positiva para a rentabilidade do milho e seu custo de produção caiu, mas, ainda assim, há produtores que vão preferir plantar soja”, afirma.

A expectativa, diz, é que o Brasil exporte 9 milhões de toneladas do milho colhido em 2008/09, com vendas concentradas no segundo semestre – até agora, foram cerca de 3 milhões de toneladas. Embora não aproxime o Brasil da liderança americana nesse comércio, seria uma fatia expressiva em um mercado internacional que movimenta cerca de 80 milhões de toneladas.

Os produtores brasileiros, porém, tentam driblar empecilhos como a tecnificação, que, na média, fica abaixo da de países concorrentes. Esse cenário mantém a produtividade em níveis pouco satisfatórios.

Há um potencial de “descolamento” dos preços da soja na bolsa de Chicago e os praticados no mercado interno, conforme Anderson Galvão, da Céleres. Isso potencializa a tendência de plantio de soja em detrimento do milho. Mas a renda do produtor será neste ano a pior em quatro anos, segundo ele. “O produtor vai sobreviver, mas não vai ganhar muito dinheiro”. A situação do plantio pode melhorar em 2009/10, mas depende da normalização das linhas de crédito de curto prazo.

As oportunidades para o milho brasileiro avançar no exterior têm sido abraçadas de forma errática. Em 2007, com o clima adverso na Europa, o país exportou quase 11 milhões de toneladas. Em 2007/08, foram pouco mais de 6 milhões.