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Pesquisa

Processamento da carne possibilitou evolução, aponta estudo de Harvard

O artigo, publicado na revista Nature, chamou a atenção mais uma vez para os efeitos da carne para a evolução do homem

Processamento da carne possibilitou evolução, aponta estudo de Harvard

Carnes

Um artigo do Departamento de Biologia da Evolução Humana, publicado na revista Nature, chamou a atenção mais uma vez para os efeitos da carne para a evolução do homem. O estudo de Daniel E. Lieberman e Katherine D. Zink apontam que o cérebro e o corpo maior do Homo erectus, acompanhado por dentes menores, ampliaram sua necessidade diária de energia. Diante disso, o processamento mecânico dos alimentos, por meio de ferramentas de pedra, possibilitou maior eficiência da força mastigatória.

A avaliação dos dois biólogos é de que há cerca de 2,6 milhões de anos os ancestrais do homem moderno deixaram de gastar a maior parte de seu tempo mastigando seus alimentos ao começar a processá-los. Conforme o estudo, se a carne compreendesse um terço da alimentação daqueles indivíduos, o número de ciclos de mastigação por ano seria reduzido em quase dois milhões ou 13%. Além disso, a força total de mastigação requerida teria diminuído em 15%.

Os estudos ainda apontam que, simplesmente cortando carne ou batendo a carne, os hominídeos teriam melhorado sua capacidade de mastigar a proteína animal em partículas menores em 41%, reduzido o número de mastigações por ano em outros 5% e diminuindo as exigências de força mastigatória em mais 12%. Embora o cozimento tenha benefícios importantes, apontam os biólogos evolutivos, parece que a seleção para características mastigatórias menores no Homo teria sido inicialmente possibilitada pela combinação do uso de ferramentas de pedra e ingestão de carne.

Dada a evidência do consumo de carne e a habilidade de fazer ferramentas simples de pedra muito antes do cozimento se tornar comum, há muito se acredita que o aumento do número de carnívoros e o uso da tecnologia no paleolítico inferior tornaram possível a seleção de dentes menores e forças máximas de mordida, permitindo a seleção diminuir o tamanho facial — e levando a outras funções, como a produção da fala – e até mesmo aumentando o cérebro.

A conclusão dos pesquisadores é de que  quaisquer que fossem as pressões de seleção que favorecessem essas mudanças, no entanto, elas não teriam sido possíveis sem o aumento do consumo de carne combinado com a tecnologia de processamento de alimentos. O artigo completo pode ser conferido aqui.