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Meio Ambiente

A difícil missão de proteger a Amazônia

<p>Apesar de alta tecnologia empregada no monitoramento da região, o único controle possível ainda é a boa vontade dos fornecedores.</p>

O Brasil é o único país tropical com georreferência – tecnologia comandada por satélite que localiza os limites de grandes e pequenas propriedades na Amazônia. O equipamento revela com detalhes as imagens das fazendas que desmatam e, de quebra, expõe proprietários reincidentes. O problema é que é pouco utilizado.

Para usar as ferramentas da georreferência a seu favor, Wal-Mart, Pão de Açúcar e Carrefour assinaram um pacto com os frigoríficos JBS, Marfrig e Friboi como forma de garantir ao consumidor final que não estão contribuindo para o desmatamento.

Mas o único controle possível ainda é a boa vontade dos fornecedores, disse ontem o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, acionista da Sadia. “O agronegócio é o principal vetor do desmatamento e, também, o pilar das exportações”, disse ele ontem em uma conferência promovida pelo Instituto Ethos e que reuniu quase 800 pessoas em São Paulo. “A penalização sobre os abusos depende muito mais do Brasil que de outros países”, observou. “Crescimento econômico baseado em madeira, pecuária e agricultura é efêmero: não melhora o IDH (índice do desenvolvimento humano) e ainda esgota recursos”.

Com 250 milhões de cabeças de gado e abatedouros que crescem em proporção geométrica (de 27, em 2004, para 87, em 2007), qualquer solução no Brasil exige a trindade agronegócio-governo-consumidor. “O agronegócio precisa intensificar a tecnologia e a autorregulação, além de recuperar áreas degradadas”, diz Furlan. “O governo deve viabilizar o esforço de conservação; e aos consumidores cabe priorizar os produtos com responsabilidade social e ambiental”.

O problema não é simples, segundo a secretária do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo. “É preciso buscar um equilíbrio entre o possível e o necessário”, disse. “É fácil dizer que é preciso preservar quando se desconhece a qualidade de vida dos povos nativos.” Samyra explicou que a transição do ilegal para o legal deve ser feita de forma que ninguém pereça. Citou como exemplo o caso de muitas madeireiras ilegais terem sido fechadas na Amazônia: “Em seguida, aparecem prefeitos e munícipes desesperados: E agora, vamos viver de quê?”