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Comentário

A origem da raça Landrace - Por Luiz Carlos Pinheiro

Interrompo o relato de fatos históricos da ABCS, para comentar algo que me parece, também ser de interesse de nossos leitores: a origem da raça Landrace

A origem da raça Landrace  - Por Luiz Carlos Pinheiro

Interrompo o relato de fatos históricos da ABCS, para comentar algo que me parece, também ser de interesse de nossos leitores: a origem da raça Landrace, hoje disseminada pelo mundo como “raça-mãe” de diversos cruzamentos industriais.

Estava na Argentina fazendo o lançamento de nosso livro A dialética da agroecologia, em espanhol, quando visitei alguns projetos de PRV. Em um deles, na Província de Córdoba, encontrei um velho conhecido, o veterinário Hugo Sabino, que teve a gentileza de me presentear seu livro La Crianza Racional de los Cerdos, com uma foto de 2.308 suínos nos currais do frigorifico Swift, em La Plata, com um exemplar da revista da Asociación Argentina Criadores de Cerdos, nº 103, Ano 10, Março 1931. Sabino me conhecia dos tempos que julguei suínos na Exposição de Palermo, Buenos Aires, tema que será objeto de comentário futuro.

Folheando a revista – 1931 -li no Sumário, “La Explotación de Cerdos en Dinamarca”, título que me chamou a atenção e, onde, casualmente, encontrei a origem da raça Landarace, assunto que trago aos nossos leitores.
Na época – 1931, repito – existiam na Dinamarca duas raças de suínos: a aborigena, (termo usado na revista, sinônimo da nativa), chamada Dansk  Landrace – suíno nativo da terra – e a Large White Yorkshire, de origem inglesa. (Dansk significa dinamarquesa na língua danesa).

Conta a nota: Na década 1890 houve um cruzamento de um cachaço Yorkshire (Large White) com uma matriz nativa, aborigena, que produziu uma cria de “excelente qualidade de touicinho” Como essa característica não se reproduziu na descendência foi necessário estabelecer “centros de cria”, tanto das raças nativas, como da Yorkshire”. Para se ter uma ideia do resultado dessa atividade no melhoramento suinícola da Dinamarca, em 1931 já existiam 190 centros de cria de suínos nativos ( os Landraces, land=terra, race=raça, suínos nativos da terra) e 25 de suínos Yorkshire. O Swine Book (Pig Book) foi criado el 1906 e eram inscritos só animais provenientes de parições a partir de 10 leitões, com um mínimo de oito desmamados. De cada leitegada eram retirados dois machos e duas fêmeas e levados para os Centros de Cria (de pesquisa), tanto das raças nativas como da Yorkshire. Ao final eram abatidos em um Block Test (assunto que será abordado oportunamente) e tomadas as medidas de toucinho e de outras características Nessa época a criação argentina se voltava ao mercado inglês que dava preferência ao “tipo bacon”, um suíno de 90kg, com 6 a 7 meses.

A raça Landrace assim, é o produto de um rigoroso processo de seleção de animais das raças nativas, consolidada como uma das principais raças porcinas da atualidade, destacando-se sua qualidade materna.

Esse fato histórico deve ser levado em conta por nossos melhoristas: as raças nativas – no Brasil naturalizadas- carregam em seu germoplasma características positivas de adaptação que, se levadas em conta e bem trabalhadas podem aportar caracteres produtivos surpreendentes.
Finalizo com um registro histórico: conta-se que durante a invasão nazista na Dinamarca, na Segunda Guerra Mundial – 1939-1945 – os “danks’ esterilizaram os machos Landrace na recria, para impedir aos alemães levá-los ao seu país o precioso material genético suíno. Mais tarde, porém, a preocupação “nacionalista” foi superada também pelos matrimônios em zona de fronteira onde, por tradição, os dotes de casamento eram com doações de animais. Houve, assim, a inevitável transferência de germoplasma, hoje disseminado por todo o mundo. LCPM.