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A Produção de Suínos e a Preservação do Meio Ambiente

Acompanhe o resumo da palestra que está acontecendo agora (10h15, 26 de abril de 2001) no 9o.SNDS

Redação SI 26/04/2001  10:15 – Embora de conhecimento comum, não é demais lembrar a importância da produção de suínos. Sendo a carne mais consumida no mundo e envolvendo significativa geração de empregos, a produção de suínos tem também decisivo valor econômico. A importância da produção de suínos é maior em países como o Brasil, carente de empregos, necessitado de “fixação do homem no campo” e ávido por tributos. Qualquer empreendimento de política agrícola e agropecuária responsável não pode prescindir de aprovação e estímulos à produção de suínos. É em defesa dessas idéias que o suinocultor e proprietário da Suinocultura Yargo, Alceu Cunegatto Marques, fala sobre a boa combinação da criação de suínos com o meio ambiente.

Em termos de imagem e conceitos, o produtor de suínos também tem sido visto como poluidor e sua atividade, a produção de suínos, como prejudicial à preservação do meio ambiente. A preocupação generalizada com o meio ambiente, por meio do crescimento industrial e suas tecnologias poluidoras, a concentração urbana crescente e desmedida, o uso fantástico do automóvel e outros meios de transporte poluidores, cria nas populações a busca desenfreada pelos responsáveis do desequilíbrio.

Ao invés de voltar suas preocupações para as grandes fontes de poluição, a população também acusa, sem proporcionalidade, pessoas social e politicamente mais fracas, entre elas os produtores de suínos.

É preciso ver com realidade, o quê e quanto polui a produção de suínos. Por justiça e sem projeções de culpas do homem urbano e do homem industrial, que está na hora, de realizar o devido balanço entre o custo e o benefício ambiental da suinocultura. Está na hora de não confundir potencial poluidor com efetividade na poluição.

Preservação do meio ambiente

É estéril e ingênua a preservação do meio ambiente sem pensar e atuar na proteção do solo (da terra) e não há proteção do solo sem matéria orgânica, que lhe proporciona vida, cobertura vegetal e sustentação natural. “Se, nos solos desérticos, houvesse intensa suinocultura, não haveria desertos”.

No Brasil, especificamente no Rio Grande do Sul, a maioria de suas terras é pobre em matéria orgânica. Há algum tempo, foi lançada a “operação tatu” no território gaúcho para tentar melhorar a qualidade de suas terras. Nesse sentido, faltam estudos e atenção para destacar a enorme contribuição dos dejetos suínos no enriquecimento dos solos.

No Sul do País existem significativas áreas em processo de desertificação, especialmente nas regiões da campanha (Alegrete, São Francisco de Assis, São Gabriel e outros). De modo geral, todo o solo gaúcho e brasileiro são pobres, ou muito pobres, em matéria orgânica.

Os dejetos corretamente aplicados ao solo são, comprovadamente, excelentes adubos e notáveis promotores das terras. E é isso o que se tem feito no Brasil e no mundo. Fala-se que o solo no continente europeu estaria saturado de matéria orgânica, mas absolutamente não é o caso da América do Sul e nem do Brasil.

Portanto, não há oposição entre produção de suínos e a preservação do meio ambiente.

Produção x dejetos x meio ambiente

A preservação do meio ambiente não se opõe à produção de suínos que, com manejo adequado, ajudam a enriquecer com a distribuição dos dejetos tratados. O adubo orgânico é um importante componente para produção de grãos, como o milho.

Se os dejetos suínos incorporados ao solo melhoram significativamente as terras, pode-se dizer que com a produção de suínos há, não só melhor preservação, como também melhoria do meio ambiente.

Existe um certo terrorismo conceitual descabido com relação às águas. Fala-se em restringir seu uso, para não torná-la escassa. De fato a água é um bem precioso, mas não se pode confundir o seu necessário e bom uso com práticas descabidas e poluidoras, o que se pode perfeitamente evitar na produção de suínos.

Na abordagem da preservação do meio ambiente e na produção de suínos, especialmente na produção confinada, estará sempre presente a questão água. No Brasil, com suas águas subterrâneas abundantes, falar em faltar água é exagero protecionista. A questão é o manejo da água e não o seu uso.

Outra questão de menor importância é o cheiro da criação de suínos. Isto tem sido administrado no Brasil, com manejo dos dejetos, como também com “cortinas verdes”, isto é, árvores e arbustos em torno e dentro das granjas.

A questão da legislação

Basta uma leitura superficial da legislação brasileira de proteção ao meio ambiente, para notar seu caráter terrorista e radicalmente punitivo. Deveria se pensar em normas mais educativas e incluir prêmios e punições econômicos e outras formas impositivas de leis que visassem mais o modo de fazer e menos a pessoa produtora.

Felizmente, tem sido moderada a real aplicação da lei, até porque se fosse radical, não haveria penitenciárias suficientes para os “crimes ambientais”. O poder político/social das propriedades pequenas tem sido respeitado e os “infratores” têm procurado se adaptar à atual legislação.

Existe nos organismos fiscalizadores boa vontade com os suinocultores, mas falta checar e destacar os inegáveis aspectos positivos dos dejetos suínos na melhoria do solo. É melhor um solo com bastante matéria orgânica do que um solo em erosão e desertificação.

Até pela imagem da suinocultura, da carne suína, é preciso enfatizar, tornar explicitamente público que não há incompatibilidade entre preservação do meio ambiente e a produção de suínos. A produção de suínos, enquanto grande produtora de dejetos, que é adubo, que é enriquecedora do solo, colabora e melhora a preservação do meio ambiente.