A produção e o consumo de carne suína no mundo
Consumo de carne aumentou 58% em 20 anos; em 2018, a carne suína respondeu por 40,1% do consumo mundial
Heloiza Nascimento
Heloiza é médica-veterinária formada pela UFV, com MBA em Marketing pela FGV. É mestranda em ciência animal pela UFMG. Atualmente, faz parte da equipe de assistentes técnicos de suínos da Zoetis
O consumo global de carne aumentou 58% nos últimos 20 anos, de acordo com estudo publicado o ano passado pelo Bureau Australiano de Ciências e Economia Agrícola e de Recursos (Abares). Segundo a instituição, tanto o crescimento populacional quanto o aumento de renda contribuíram igualmente para esse índice. Países em desenvolvimento, principalmente, foram os responsáveis por esse incremento no consumo de carne per capita, já que, em países desenvolvidos, o consumo manteve-se praticamente estável.
De acordo com pesquisa publicada pelo National Pork Board, programa patrocinado pelo Serviço de Marketing Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 2018, a carne suína respondeu por 40,1% do consumo per capita mundial; a carne de boi, por 21,4%; a carne de frango, por 33,3% e a de ovino, por 5,3%.
Segundo a Abares, nos Estados Unidos e na Austrália, o consumo de carne aumentou nos últimos anos, devido ao crescimento do consumo de carne de frango, demanda atendida principalmente pela produção doméstica. Em contraste, a demanda de carne no Japão reduziu, por conta, principalmente, do envelhecimento da população.
Quando se fala em produção de carne suína, China (43, 87%), União Europeia e Reino Unido (22,62%) e Estados Unidos (11,97%) lideram o ranking e, juntos, são responsáveis por 78,46% da produção global.
O Brasil ocupa a quarta posição no ranking de produção de carne suína no mundo, com 3,88% da produção global. Do que produzimos (649.382,28 mil toneladas), 16% têm destino internacional, sendo a região Sul do País a maior produtora e exportadora. Responsável por 66% da produção nacional e quase que pela totalidade das exportações de carne suína, a região tem como maior destaque o estado de Santa Catarina. Os principais destinos hoje são China, Hong Kong e Chile, de acordo com o Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em novembro de 2019, a produção de carne suína global sofreu uma queda de 8,5%, fruto dos impactos da peste suína africana (PSA) que assolou os rebanhos na China e em outros países asiáticos e europeus. De acordo com o USDA, a previsão para este ano é de que haja ainda mais uma queda de 7% dessa produção global, sob o efeito da PSA.
Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a PSA representa o fator mais significativo para as perspectivas do mercado mundial de carne, que elevou o comércio global de carne bovina para 13,8 milhões de toneladas e provocou uma pequena redução no volume da carne ovina para 1 milhão de toneladas.
Países como o Brasil e os Estados Unidos, e, em menor grau, a União Europeia e o Reino Unido estão compensando parte da queda da produção na Ásia. Essa forte demanda vinda dos países asiáticos elevou para 10,5 milhões de toneladas as exportações globais de carne suína, o que incentivou os produtores a expandirem seus rebanhos.
As importações da China aumentaram para 3,9 milhões de toneladas de carne suína, montante que representa 40% das importações globais. Em contrapartida, a importação de carne por outros países teve sua previsão reduzida em 2020.
Espera-se que, até 2050, o consumo de carne no mundo dobre, devido ao crescimento populacional e ao aumento da renda per capita, porém a tendência é que o consumo per capita desacelere, à medida em que o padrão de consumo no mundo se aproxime ao dos países desenvolvidos. Outra tendência global é que as carnes brancas tomem o lugar das carnes vermelhas na dieta das pessoas.
Além disso, o impacto da Covid-19 certamente será negativo na demanda global de carnes, mas espera-se que a capacidade de recuperação econômica da China e dos Estados Unidos contribua para a retomada regular da demanda de proteína animal no curto prazo.
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