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Agroindústria teme a alta do milho

Superprodução de suínos, queda no preço das aves e escassez do cereal ameaçam setor em SC.

Da Redação 05/08/2002 – O alto preço do milho, aliado à desvalorização do real e à falta de interesse dos produtores nos contratos de opção para venda futura, está preocupando os criadores de suínos e aves do Estado.

A alta do dólar eleva os preços da soja e torna atrativa a exportação de milho, os dois principais componentes da alimentação de suínos e aves. Em 2001, o milho custava R$ 10 e a soja, R$ 22 a saca. Hoje, o milho está R$ 14,50 e a soja, R$ 32 (45% a mais). Já o quilo do suíno caiu de R$ 1,22 para R$ 1,12 e, o do frango, de R$ 0,94 para R$ 0,83.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Clair Dariva, disse que a situação é altamente preocupante. Ele afirmou que com os atuais patamares do milho, o preço do suíno deveria estar acima de R$ 1,50, pois os custos de produção giram em torno de R$ 1,35.

Ele acredita que se a situação persistir, alguns produtores podem desistir da atividade. Dariva disse que um dos agravantes da crise é que enquanto SC aumentou a produção de suínos em 6% este ano, o Rio Grande do Sul ampliou em 13% e, o Paraná, em 18%.

A produção nacional atingirá 2,3 milhões de toneladas de suínos. O consumo interno é inferior a 1,9 milhão de toneladas e as exportações, de 300 mil toneladas. Sobram, então, 100 mil toneladas. Para Dariva, a solução é reduzir os plantéis como já ocorre em SC.

O diretor de suprimentos da Seara Alimentos, Arene Trevisan, disse que a única certeza no momento é que os produtores de cereais vão conseguir uma boa remuneração no próximo ano. Trevisan disse também que os suinocultores e avicultores vão ter que se adaptar a novos custos de produção, voltados também ao mercado externo.

Ele acredita que com a alta do dólar poderá ocorrer uma evasão de mercadorias, inclusive milho. Isso, no entanto, estimularia uma boa produção do cereal. Trevisan encara com naturalidade a pouca procura por contratos de opção, por não ser um mecanismo de uso tradicional no Sul.

O diretor demonstrou preocupação com a viabilidade do setor de produção de carnes caso a turbulência do dólar continue elevando os custos.