Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Alca pode favorecer o Brasil

O ingresso do País na Alca será benéfico para a abertura de mercados para o agronegócio brasileiro.

Da Redação 07/10/2002 – O ingresso do País na Área de Livre Comércio das Américas (Alca) será benéfico para a abertura de mercados para o agronegócio brasileiro. Mas o próximo governo terá que ser firme em negociações que acabem ou amenizem os subsídios dados pelo governo dos Estados Unidos a seus produtores rurais.

A opinião é de Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, a maior agroindústria brasileira, e de José Roberto Mendonça de Barros, economista e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Ambos foram palestrantes do Fórum de Presidentes de Cooperativas do Paraná, que reuniu cerca de 150 representantes do setor em Curitiba, na última sexta-feira.

Para Mendonça de Barros, a agricultura brasileira, uma das mais competitivas do mundo, abriria mercados importantes com a adesão ao bloco continental. Alguns setores vão nadar de braçada, como o açúcar, o suco de laranja e, principalmente, o álcool. Só a Califórnia, que precisa de combustíveis menos poluente, tem uma demanda de 6 milhões de litros de álcool, exemplificou o economista, que atuou no governo federal entre 1995 e 98, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, e hoje trabalha na área de consultoria.

O economista acredita que o Brasil marcou posição na Alca no momento em que conseguiu aprovar uma norma pela qual o tratado só entra em vigor quando todos os seus pontos estiverem negociados. Segundo ele, as negociações em torno da redução dos subsídios americanos poderão se estender por, pelo menos, dois anos.

Furlan comparou as negociações envolvendo a Alca a um casamento. Se não houver vantagem para a noiva e o noivo, não tem negócio. Para o presidente da Sadia, a Alca só interessará ao Brasil se representar a abertura de mercados para o agronegócio. Bem negociada, a Alca pode ser um tesouro para o Brasil, afirmou. Na semana passada, ele participou de um seminário sobre a agricultura na Alca, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington.

Uma das pioneiras na exportação de carnes e derivados, a Sadia obteve, no ano passado 38% de seu faturamento no mercado externo -contra apenas 18% há cinco anos. Segundo Furlan, essa participação poderia ser muito maior se não fossem os subsídios e as barreiras sanitárias impostas.

Mendonça de Barros previu que, no médio prazo, a União Européia terá que reduzir o protecionismo agrícola para poder incorporar os países do leste do continente, que integravam o extinto bloco comunista. Isso representará uma boa oportunidade para o Brasil ampliar suas vendas no bloco.

O Brasil tem a agropecuária mais competitiva do mundo sem subsídios. Vejo otimismo no longo prazo e cautela no curto. É inevitável que o protecionismo se reduza, mas será uma guerra lenta. Também favorece, segundo o economista, a crescente percepção do governo para as exportações. Hoje, os melhores talentos do Itamaraty estão na área da negociação comercial.