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Produção

AveSui 2017 abre com debates sobre saúde animal, nutrição e novas tecnologias para produção

Maior evento sobre aves e suínos da América Latina reúne especialistas e produtores, em Florianópolis, apresentando tendências e pesquisas sobre uso consciente de antibióticos e sistemas inovadores de gestão nas granjas

AveSui 2017 abre com debates sobre saúde animal, nutrição e novas tecnologias para produção

Tecnologias de gestão acessíveis a pequenos produtores, alternativas para reduzir ou substituir o uso de antibióticos nas granjas, sistemas integrados para alimentação de animais. A AveSui, maior evento da cadeia de aves e suínos da América Latina, teve início nesta terça-feira (25.04) em Florianópolis apresentando a produtores, especialistas, pesquisadores e estudantes uma extensa programação técnica com novidades e tendências para um mercado de grande relevância para a economia brasileira. 

O tema central da AveSui neste ano é o conceito de “One Health – Uma só saúde”, ou seja, a gestão de saúde tanto para animais e humanos quanto para a produção de alimentos. A preocupação com o uso de antibióticos e a resistência microbiana abriu o painel realizado no auditório de inovações. “O futuro é hoje. Estamos vivendo uma época em que as demandas dos consumidores orienta o mercado, com ênfase no bem-estar animal e a redução do uso de antibióticos”, destacou Christian Christoferssen, médico veterinário especialista em suínos, que mostrou como os produtores na Dinamarca zeraram o uso de antibióticos na suinocultura em apenas quatro anos (1995-1999). Segundo Christoferssen, desde a década de 70 já havia a consciência que o uso constante destes medicamentos não era sustentável para o setor e, desde que os produtores deixaram de utilizar antibióticos, a qualidade da suinocultura dinamarquesa melhorou. “Os produtores tomaram essa atitude porque queriam gerar novos conhecimentos e que isso gerasse uma boa imagem do setor no mundo”, explicou. 

O trabalho conjunto entre entidades de saúde e de produção alimentar (como FAO, OMS e OIE) é outro pilar para que diversos países desenvolvam programas de sanidade envolvendo humanos e animais. Martín Minassian, representante técnico da Organização Mundial para Saúde Animal (OIE) para as Américas, destacou na AveSui que os países latinoamericanos estão começando a desenvolver programas nacionais integrados para vigilância e monitoramento do uso de microbianos. Desde 2015, a OIE apresentou normas de qualidade para a coleta anual de dados de seus 180 países membros sobre o uso de agentes microbianos em animais produtores de alimentos. “Antes não havia informação, agora estamos começando a analisar os dados”, comenta Minassian

Alternativas para o uso de antibióticos também foram destaque no painel de Nutrição Animal. Melina Bonato, doutora em Zootecnia pela Unesp, mostrou que é possível fazer dietas livres de antibióticos – que podem afetar a flora intestinal e gerar desequilíbrio de saúde nos animais – utilizando extratos de plantas (ervas, condimentos e óleos) que atuam como antibacterianos, antioxidantes e anti-fúngicos, por exemplo. Há também os probióticos – fibras funcionais, que, segundo a doutora “estimulam o crescimento e a atividade de bactérias benéficas para o organismo, que ajudam a reduzir a mortalidade nas aves e traz efeitos positivos na performance dos animais”.  

O nutricionista global da PIC, Márcio Gonçalves, destacou em palestra sobre conversão alimentar as oportunidades para os produtores maximizarem o lucro sobre o custo da ração. “Se o produtor usar uma estratégia – mais aminoácido, energia, comedouros de qualidade – para que o suíno ganhe, por exemplo, 103 kg em vez de 100kg, ele consegue reduzir o custo fixo em até 3%. Dependendo do momento do mercado, ele pode suportar o aumento do custo da ração se conseguir uma produtividade do suíno que eleve o lucro sobre o custo total”, calcula. 

Tecnologia acessível

Um dispositivo automático portátil desenvolvido por pesquisadores em São Paulo está auxiliando pequenos e médios produtores a obter informações em tempo real sobre variáveis ambientais nas granjas.  O sistema, que custa de cinco a oito vezes menos do que outros dispositivos semelhantes, é acionado por um aplicativo faz a coleta de informações como temperatura de bulbo seco e úmido, ponto de orvalho, umidade do ar e foi apresentado pela dra. Silvia Regina Lucas de Souza, da Universidade Estadual Paulista, durante o Congresso de Zootecnia de Precisão. “O dispositivo é voltado para o bem-estar animal, mas também para os trabalhadores e tratadores. Zootecnia de precisão é isso: trazer a tecnologia para dentro do sistema produtivo e que isso seja de fácil acessibilidade para que cada um possa utilizar”, resumiu Silvia na palestra que abriu o encontro. 

Na visão de Ariovaldo Zanella, doutor em Bem-Estar Animal pela Universidade de Cambridge (Inglaterra), os grandes benefícios da zootecnia de precisão é “liberar o produtor de tarefas que demandam mão de obra, reduzir o número de horas investidas em tarefas para ter mais tempo para a gestão da propriedade e também para facilitar o diagnóstico precoce de enfermidades, doenças e condições que comprometem o bem-estar dos animais”. Para ele, “este bem-estar não pode ser feito com ferramentas antiquadas, hoje há tecnologias de sensores altamente desenvolvidas, como uso de drones para identificação de carrapatos, que são fundamentais para promover estratégias eficientes de intervenção”.