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Bioaditivos em esterqueiras

Neste artigo, conheça alguns resultados obtidos com o tratamento de esterqueiras por meio da aplicação de bioaditivos (bioaumento).

Redação SI 15/01/2002 – Problemas de poluição ou danos ambientais causados por dejetos de animais (suínos e bovinos, principalmente) podem, pela atual legislação ambiental, responsabilizar criminalmente os produtores que não possuam um programa de tratamento adequado destes resíduos.

Os sistemas de armazenamento e tratamento dos despejos normalmente empregados são: esterqueiras, bioesterqueiras, lagoas anaeróbias, lagoas aeróbias, lagoas facultativas, fossas ou compostagem e, posteriormente, aplicação em lavouras ou pastagens. As esterqueiras, sistemas mais comumente utilizados, podem ser sem revestimento, quando o solo onde são construídas apresentam grande capacidade de impermeabilização, como solos argilosos, ou revestidas com argamassa, alvenaria, PVC ou polietileno de alta densidade. Para um manejo eficiente as esterqueiras devem ser compartimentadas (divididas) em pelo menos duas câmaras. Enquanto uma vai sendo preenchida pelos dejetos a outra estará sofrendo degradação biológica.

Um grande problema das esterqueiras é o mau cheiro exalado. Os odores desagradáveis provenientes de compostos como gás sulfídrico, ácidos graxos de cadeia curtas e mercaptanas são produzidos por bactérias anaeróbias durante o processo de degradação anaeróbio (sem oxigênio), que ocorre no interior destas estrumeiras e que não sofrem agitação freqüente. Outro problema encontrado nestas instalações é a formação de uma camada seca dura na superfície (foto) que dificulta o bombeamento e o manejo do esterco.

Tratamento com bioaditivos
– Uma das alternativas para minimizar os problemas descritos, além de melhorar as características do esterco para uso agrícola, é a utilização da tecnologia denominada bioaumento, que consiste na adição de microrganismos selecionados para degradação dos compostos orgânicos, além de macro e micronutrientes indispensáveis para uma boa atividade biológica.

Estudos recentes realizados com bioaditivos disponíveis no mercado brasileiro (Rosales, 2000/2001) mostraram que, quando aplicados nas esterqueiras, estes produtos produziam um resíduo mais solúvel, de consistência mais líquida, menos viscoso, o que facilitou o bombeamento com bombas de baixa potência, além de facilitar a homogeneização dos dejetos e seu manejo. Outro benefício observado pelo autor foi a diminuição do mau cheiro e redução no número de insetos atraídos para a esterqueira. A adição de bioaditivos também melhora as características agronômicas do esterco.

Nitrogênio:
A redução de nitrogênio amoniacal de, aproximadamente, 83% e redução no nitrogênio total de apenas 17%, é um indicativo de que houve um aumento do nitrogênio fixo, ou seja, o nitrogênio foi biotransformado e fixado na biomassa. Este resultado é extremamente vantajoso, uma vez que nitrogênio fixo reduz problemas de percolação, além de estar mais disponível para a população ativa do solo.

Fósforo:
O aumento no fósforo já era esperado no momento em que houve um aumento da biomassa. Nesta forma, a perda por lixiviação será reduzida.

DBO:
A redução de, aproximadamente, 75% na DBO indica um esterco oxidado biologicamente e, portanto, menos agressivo ao meio ambiente.

SST:
a redução do teor de sólidos suspensos totais, neste caso, se deve principalmente à degradação da celulose e outros polímeros complexos. Esta redução implica em um esterco menos viscoso e, portanto, de mais fácil manejo.

Conclusões –
Pelo exposto observa-se que a aplicação de bioaditivos em esterqueiras melhora não somente as características macroscópicas, como mau cheiro e redução na viscosidade facilitando o manejo do esterco, como também melhora as características nutricionais do mesmo por meio da redução de DBO e SST e da fixação de nitrogênio e fósforo.

Devemos ressaltar ainda que estes benefícios não exigem nenhum gasto com infra-estrutura para adição dos bioaditivos, uma vez que alguns desses produtos já vêm pré-dosados em sacos plásticos solúveis em água.