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Agroindústria

BRF avalia impacto de suposta espionagem de rival JBS

Antes das delações, a BRF já considerava inexplicável a velocidade com que a JBS entendia e replicava estratégias comerciais e de marketing da companhia

BRF avalia impacto de suposta espionagem de rival JBS

A BRF está avaliando o impacto que suposta espionagem da rival JBS possa ter causado sobre suas operações, agora que revelações das delações premiadas de executivos da processadora de carne bovina envolveram divulgações de pagamentos de propina a conselheiros que atuavam dentro da maior exportadora de carne de frango do mundo.

Antes do escândalo das delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, a BRF já considerava como inexplicáveis fatores como a velocidade com que a JBS entendia e replicava estratégias comerciais e de marketing da companhia, disse à Reuters uma fonte a par da situação na empresa.

No depoimento de Joesley Batista, presidente-executivo da J&F e presidente do conselho da JBS, à Procuradoria-Geral da República (PGR), dois ex-conselheiros da BRF  -Luis Carlos Fernandes Afonso e Carlos Fernando Costa – são citados como beneficiários de propina paga pela JBS enquanto eles tinham lugares no conselho de administração da BRF.

De acordo com a fonte ouvida pela Reuters, nenhuma medida judicial foi tomada ainda pela BRF, mas a empresa está investigando que estratégias e áreas teriam sido eventualmente afetadas pelas suspeitas de espionagem.

A JBS compete com a BRF principalmente por meio da marca Seara, de alimentos prontos e congelados.

“Nosso grande desconforto hoje… é em que medida se tratou do comportamento de dois indivíduos e em que medida era uma coisa feita no interesse de uma organização maior, o que, então, poderia sim envolver acionistas e mais gente”, disse a fonte, que pediu para não ter o nome citado.

Luis Carlos Fernandes Afonso e Carlos Fernando Costa foram eleitos membros do conselho da BRF por indicação da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. Afonso foi conselheiro da BRF entre 2009 e 2015, e Costa entre 2013 e 2015. A Petros é o maior acionista da BRF, com 11,4 por cento das ações até 16 de maio de 2017.

A Reuters tem tentado encontrar representantes de Afonso e Costa desde a quinta-feira, mas não foi possível contatá-los até a publicação desta reportagem.

De acordo com a BRF, os mandatos dos dois ex-conselheiros se encerraram em abril de 2015 e eles não exerceram outras funções na companhia depois disso.

Na última terça-feira, a BRF disse que recebeu com “muita estupefação” as delações envolvendo os ex-conselheiros e que avaliava entrar na Justiça para obter reparação por eventuais prejuízos causados pela JBS.

A fonte ponderou que é normal em um determinado setor um concorrente seguir ações do líder de mercado, seu modelo de negócio.

“Pode tudo ter sido uma grande coincidência, mas talvez não, até em virtude do que sabemos agora pela delação dos executivos da J&F (holding que controla a JBS)”, afirmou.