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Calma! Ainda sequer cobrimos os prejuízos

Por Ferreira Junior, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS)

Calma! Ainda sequer cobrimos os prejuízos

No momento em que estamos realinhando os preços do suíno vivo em patamares que possam oferecer algum tipo de remuneração ao suinocultor brasileiro, precisamos ter cautela nos comentários daqueles mais entusiastas e gerando possíveis excessos.

Analisando friamente a situação do momento, inicialmente não podemos esquecer dos dolorosos 16 meses, em que o criador perdeu e perdeu muito, em relação ao preço de venda versus custo de produção. Chegamos a perder R$ 100,00 por animal abatido.

Foi um período em que além de perder financeiramente, perdeu-se na produção e principalmente na produtividade. Os índices de reposição de plantel e zootécnicos foram comprometidos sensivelmente, provocando um desarranjo nas granjas.

Fora da porteira, temos um mercado externo com informações desencontradas e provocando uma especulação enorme em relação aos problemas sanitários da China e na produção de grãos dos Estados Unidos, em função de clima e tempo.

O Brasil exporta em torno de 18 a 20% da sua produção interna, demonstrando que ficamos atrelados no desempenho do setor, em função das questões externas, leia-se câmbio, questão sanitária e políticas macroeconômicas que fogem do controle do produtor brasileiro.

Portanto, nossos preços cada vez mais, estão vinculados a questões externas.

Olhando para dentro, o desempenho em aumentar o consumo interno de carne suína, está basicamente vinculado ao poder de renda do trabalhador brasileiro, e entre nós, no momento os números não são satisfatórios. É só verificar o nível de desemprego.

Diante dos fatos acima, precisamos ter cautela em promover o crescimento da suinocultura, sem um planejamento adequado e em consonância com os reflexos, externos, internos e período de rentabilidade do segmento.

Precisamos inicialmente consolidar os preços alcançados no momento, permanecer os atuais valores pelo menos por um período mínimo de seis meses, para que possamos pagar os prejuízos acumulados até então, e ajustar as perdas na produção dentro da granja, em função da falta de rentabilidade registrada.

Calma! Não é hora de aumentar plantel. Em 2.019 estamos atingindo uma produção de 3,8 milhões de toneladas, sendo que, 3,1 a 3,2 irão ficar dentro do país. Ou seja, é preferível manter a oferta ajustada com a demanda, para garantir preço satisfatório, caso contrário, os preços não terão bases para sua manutenção a médio prazo.

Uma nova crise a curto prazo, será um desastre para toda a cadeia produtiva. Crescer e sabendo com exatidão o tamanho do mercado, é fundamental para evitar novas perdas.