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Agroindústrias

Compra da Smithfield terá recurso do Bank of China e do Morgan Stanley

As duas instituições devem financiar os US$ 4,7 bilhões ofertados pela chinesa Shuanghui para adquirir a empresa de carne suína americana.

Compra da Smithfield terá recurso do Bank of China e do Morgan Stanley

A chinesa Shuanghui deve obter os US$ 4,7 bilhões que ofertou para a aquisição da processadora de carne suína americana Smithfield junto ao Bank of China e ao Morgan Stanley, disseram hoje fontes com conhecimento do negócio.

A filial de Nova York do Bank of China estaria oferecendo US$ 4 bilhões em financiamento para a Shuanghui cobrir a maior parte do custo da compra, afirmaram as fontes.

O negócio é a maior aquisição já feita por uma empresa da China nos EUA, e o envolvimento de um banco chinês não é surpreendente. As instituições financeiras chinesas estão ansiosas para apoiar as grandes empresas nacionais, em especial em negócios envolvendo recursos naturais e outros setores considerados cruciais para o crescimento do país.

Já o Morgan Stanley, que está assessorando a Shuanghui na operação, estaria oferecendo cerca de US$ 3 bilhões em empréstimos, utilizando ativos da Smithfield como garantia. Esse empréstimo cobriria a dívida atual da Smithfield, incluindo debêntures conversíveis e empréstimos realizados pela processadora americana.

“Há algumas sobreposições, mas, basicamente, o Morgan Stanley está cobrindo a dívida existente da Smithfield, enquanto o Bank of China está cobrindo o custo de aquisição”, disse uma fonte.

Compra da Smithfield por chineses afeta o Brasil 

A aquisição da gigante americana de suínos Smithfield pela chinesa Shuanghui International anunciada quarta-feira tem potencial para elevar as exportações de carne suína dos EUA para a China, mas deve emperrar ainda mais as já difíceis e ínfimas vendas do produto brasileiro ao mercado chinês.

Pelo acordo, a Shuanghui International vai adquirir 100% das ações da Smithfield a US$ 34 por ação. O preço representa um prêmio de quase 31% sobre o valor de fechamento do papel na bolsa na terça-feira, último dia antes do anúncio da operação. A brasileira JBS também se interessou pelo negócio, mas não estaria disposta a cobrir a oferta, segundo apurou o Valor.

Ao mesmo tempo em que representa a possibilidade de os EUA elevarem as vendas de carne suína para o maior consumidor mundial do produto, o negócio entre a Shuanghui e a Smithfield também traz à tona as preocupações sobre segurança alimentar na China.

De acordo com o “Financial Times”, o negócio deve enfrentar questionamentos, mas como a empresa chinesa não tem operações nos EUA pode ser difícil defender um bloqueio pelos órgãos de concorrência ou argumentar que se trata de uma ameaça à segurança nacional. “Nós não estamos exportando tanques, armas e segurança cibernética. São costeletas de porco”, disse Larry Pope, CEO da Smithfield.

Wan Long, chairman da Shuanghui, afirmou que, com o negócio, “será possível atender à demanda crescente por suínos na China importando os produtos de alta qualidade dos Estados Unidos, sem esquecer o mercado americano e o resto do mundo”.

É nesse ponto que o Brasil pode ser prejudicado. Se o país já não exportava quase nada em carne suína ao mercado chinês, a esperança de que a situação melhorasse ficou menor agora. A China abriu seu mercado ao produto brasileiro em abril de 2011. Mas apenas um número restrito de unidades de produção no Brasil foi autorizada a exportar ao país. No ano que passou, o Brasil exportou apenas 3 mil toneladas de carne suína à China, ou US$ 8 milhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Os números são ínfimos comparados com as exportações totais do Brasil em 2012: 581,5 mil toneladas ou US$ 1,495 bilhão.

O Brasil tem dificuldades de obter licenças de exportação para vender carne suína aos chineses. A compra da Smithfield pode dificultar ainda mais a obtenção dessas licenças. A razão é que os chineses no controle da americana podem ter mais facilidade para fazê-lo, ampliando as vendas de carne suína à China a partir dos EUA, observa Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Abipecs.