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Conceito de consumo consciente na nutrição animal estimula a utilização de compostos naturais em substituição às moléculas sintéticas

Ingredientes naturais reforçam uma tendência de consumo consciente e levam áreas de pesquisa a buscar compostos e formulações para oferecer ao mercado alterativas na nutrição animal

Conceito de consumo consciente na nutrição animal estimula a utilização de compostos naturais em substituição às moléculas sintéticas

Na última década, a utilização de aditivos naturais na nutrição animal tem crescido substancialmente, principalmente com aplicabilidade na substituição aos antibióticos promotores de crescimento (APC). Este novo conceito de utilização deste tipo de aditivo é estimulado principalmente pelo comportamento dos consumidores, que optam cada vez mais por alimentos saudáveis e produzidos com ingredientes naturais. Regulamentações nacionais e internacionais também influenciam este movimento, restringindo cada vez mais os produtos a serem adicionados na nutrição animal, como no caso de antibióticos para uso como APC (DALTOÉ et al, 2020). Confira a seguir como os APCs estão sendo substituídos nas formulações por um conceito de manipulação de alimentos mais natural para nutrição animal.

Como a retirada dos antibióticos vem acontecendo no Brasil

A retirada dos antibióticos vem ocorrendo gradativamente nos últimos 20 anos, através de legislações implementadas em diferentes países. No caso do Brasil, uma importante restrição ocorreu em 2018 pelo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio da Portaria N° 171 instituindo a intenção de proibição dos antibióticos tilosina, lincomicina, virginiamicina, bacitracina e tiamulina como APC.

Além de atender às necessidades do mercado, a retirada dos APCs visa realizar o controle de um problema de saúde pública mundial, que é o aumento da multirresistência de bactérias frente aos antibióticos utilizados na medicina humana. 

Esses microrganismos sofrem um processo natural de seleção, devido ao uso contínuo e em doses acima do recomendado, permitindo que o microrganismo crie formas para interromper a ação do antimicrobiano.

Alternativas para substituição de moléculas sintéticas

A transferência dos isolados bacterianos resistentes a antibióticos ao ser humano pode acontecer de forma direta, por meio do contato ou consumo de alimentos ou água contaminada, ou de forma indireta, quando há contaminação do ambiente por excretas de animais ou falhas na compostagem (BACALINI & BASARAN, 2019). Ao desencadear doenças em humanos ou animais, a terapia com os medicamentos frente a isolados resistentes se torna uma problemática, visto que as drogas podem não atuar de forma eficiente, podendo levar a morbidades e mortalidade.

Desta forma, buscam-se alternativas para substituição de moléculas sintéticas para aplicação como aditivos na nutrição animal. Atualmente, diversos estudos vêm avaliando opções de substituição, como utilização de:

  • Óleos essenciais
  • Probióticos
  • Prebióticos
  • Enzimas
  • Ácidos orgânicos

Testes de segurança e eficiência dos compostos aditivos

Dentre as análises que podem ser realizadas para a avaliação da efetividade dos compostos aditivos, estuda-se o potencial antioxidante e antimicrobiano, desempenho zootécnico dos animais com inclusão dos compostos na dieta, experimentos de dose e resposta, bem como seus possíveis efeitos negativos.

É importante realizar testes preliminares em laboratório, afim de verificar se a aplicação em campo é segura e possui potencial efeitos benéficos ao animal. Os experimentos devem ser selecionados conforme o objetivo de aplicação do aditivo. Neste sentido é possível citar:

  • Controle microbiológico: avaliação das propriedades antimicrobianas por técnicas de:
  • Disco difusão;
  • Concentração mínima necessária do composto para o efeito desejado;
  • Tempo de contato mínimo necessário entre o aditivo e microrganismo estudado;
  • Propriedades de inibição de formação de biofilmes;
  • Possíveis associações sinérgicas entre diferentes ativos que potencializem seu efeito antimicrobiano.

Figura 1. Método de avaliação de propriedades antimicrobianas por disco difusão.

Propriedades antioxidantes: pode-se avaliar as propriedades antioxidantes através de diferentes técnicas e com diferentes radicais livres. Esta avaliação tem o objetivo de verificar se o composto possui capacidade em ligar-se a moléculas desestabilizadas e impedir que gerem compostos degradantes e tóxicos nos alimentos.

Figura 2. Através de técnicas de espectrofotometria é possível avaliar as propriedades antioxidantes dos compostos.

Além dos experimentos in vitro, pode-se realizar testes a nível de in vivo, com animais a campo. Podem ser avaliados diferentes parâmetros como:

  • Desempenho zootécnico
  • Energia metabolizável e digestibilidade
  • Funções bioquímicas
  • Aceitação do alimento pelo animal

Em busca da inovação e atendimento às necessidades do mercado, a BTA Aditivos está sempre desenvolvendo e pesquisando as melhores moléculas a serem aplicadas no segmento de nutrição animal. A utilização de compostos naturais, além de contribuir na eficiência produtiva, é uma alternativa de substituição a aditivos sintéticos levando mais soluções para o desenvolvimento de tecnologias de produção e alimento seguro.

A introdução de programas estratégicos que proporcionem a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento pode contribuir para o destaque brasileiro frente ao mercado global.  Confira como a retirada dos antibióticos promotores de crescimento e o uso de ácidos orgânicos e óleos essenciais vem ganhando espaço nas dietas de campo, seja via água de bebida ou na inclusão na ração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACANLI, M.; BASARAN, N. Importance of antibiotic residues in animal food.

Food and Chemical Toxicology, v. 125, p. 462–466, 2019.

BRASIL. Portaria nº 171, de 13 de dezembro de 2018. Informa sobre a intensão de proibição de uso de antimicrobianos com a finalidade de aditivos melhoradores de desempenho de alimentos e abre prazo manifestação. Diário oficial da união.

DALTOÉ, Marina Leite Mitterer; MARQUES, Caroline; LISE, Carla Cristina; BORDIM, Jéssica; BREDA, Leandra Schuatz; CASAGRANDE, Maira; LIMA, Vanderlei. PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR SOBRE ANTIOXIDANTES ALIMENTARES. SINTÉTICO VS. NATURAL.

Avanços em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Volume 1, [S.L.], p. 307-318, 2020.

WHO/World Health Organization. An update on the fight against antimicrobial resistance. 2020. Disponível em: https://www.who.int/news room/featurestories/detail/an-update-on-the-fight-against-antimicrobial-resistance.