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Estratégia Nutricional

Desafios práticos do uso de flushing para matrizes suínas

O <em>flushing</em> é uma estratégia nutricional que consiste em um maior aporte de energia alguns dias antes da cobertura prevista

Desafios práticos do uso de flushing para matrizes suínas

As atividades de produção agropecuária necessitam cada vez mais tecnologia empregada para manterem as melhorias em produtividade e competitividade. Ao avaliarmos o desempenho da suinocultura moderna, devemos observar alguns pontos relevantes como genética, nutrição, instalações, sanidade e manejo. Um dos essenciais transformadores que vem se destacando no mercado é o melhoramento genético e a correlação com a nutrição oferecida.

O melhoramento genético vem dando grandes saltos dentro do sistema, visando selecionar fêmeas suínas que apresentam maior taxa de ovulação e consequentemente maiores leitegadas, resultando-se em fêmeas hiperprolificas.

Ao mesmo tempo, tendo a preocupação com as fêmeas hiperprolificas, o seguimento de nutrição vem ganhando destaque no mercado no desempenho nutricional e realizando a interação entre dietas ricas em energias e nutrientes essenciais que supram a necessidade exigida pelo organismo da matriz.

Uma estratégia conhecida e amplamente empregada para melhorar a reprodução de multíparas e marrãs antes da inseminação é o flushing, estratégia nutricional que consiste em um maior aporte de energia alguns dias antes da cobertura prevista (cerca de 14 dias). O efeito gerado pelo “flushing” não é super-ovulatório, mas tão somente permitir a maximização do potencial ovulatório através de um status hormonal mais adequado (MACHADO, 2008). Segundo CARDOSO (2018), o objetivo deste aumento é uma melhoria na taxa de ovulação e consequentemente um aumento no número de nascidos. MACHADO (2008) relatou que considerando o papel relevante que a insulina pode desempenhar nas interações entre a nutrição e a reprodução de marrãs, pode-se inferir que dietas efetivamente provocam o aumento no nível de insulina plasmática que representa uma importante ferramenta para a melhoria da eficiência reprodutiva dos rebanhos. O princípio básico para a definição das dietas está fundado na hipótese de que uma das fontes energéticas (carboidratos) promoveria maior resposta de insulina aguda.

Uma vez iniciadas as coberturas daquele grupo de leitoas, o manejo alimentar deve ser imediatamente alterado para os padrões pós-cobertura, ou seja, restrição moderada durante os primeiros dias de gestação (MACHADO, 2008).

Apesar de vários estudos e experimentos comprovarem a importância da realização do flushing nas granjas de suínos, alguns erros de manejo são encontrados na prática os quais com frequência comprometem o resultado final esperado.

Observa-se que na grande maioria das granjas existe o conhecimento da forma correta de realizar o manejo de flushing, tanto em leitoas quanto em multíparas, porém é comum deparar com falhas e dificuldades na implantação e execução do manejo propriamente dito. 

Dificuldades na implantação e execução no flushing de leitoas

  • Alimentação inadequada e volume que não atende as exigências nutricionais no período do flushing;
  • Falta de instalações adequadas e dimensionadas que permitam alojar as leitoas em gaiolas de 10 a 14 dias antes da inseminação;
  • Falhas na fase de preparação das leitoas, formação de lotes semanais e planejamento de reposição anual;
  • Movimentação de leitoas em cio para o fluxo de inseminação provocando stress e perdas reprodutivas;
  • Transferência de leitoas de baias em cio direto para o fluxo de inseminação sem a devida adaptação na gaiola;
  • Inseminação de leitoas jovens e de baixo peso devido falta de planejamento de volume de reposição constante;
  • Acompanhamento e fornecimento inadequado de ração prejudicando o escore corporal das leitoas, as quais se apresentam muito gordas ou muito magras no período de flushing.

Dificuldades na implantação e execução no flushing de matrizes multíparas

  • Alimentação inadequada e com baixo volume diário em granjas que dispõem do comedouro modelo “calha”, tendo necessidade de fornecer ração e água no mesmo comedouro;
  • Gestantes e matrizes no período pré-inseminação alojadas próximas no mesmo galpão, com necessidade de manejos alimentares distintos, restrição alimentar e flushing, respectivamente;
  • Movimentação de porcas no cio para fluxo de cobertura em granjas que adotam galpão de flushing;
  • Utilização de ração gestação e flushing com volumes diferentes em sistemas automatizados em uma única linha de alimentação.

Observa-se que cada granja tem suas particularidades e dificuldades na implantação do flushing, muitas delas devido a estrutura operacional e ampliação do plantel de matrizes desordenado e falta de planejamento. Antes de realizar um projeto novo ou de ampliação de plantel é muito importante respeitar as necessidades para execução do manejo na prática.

Pontos a serem observados para uma boa execução do manejo de flushing

  • Utilizar galpão específico para leitoas com gaiolas dimensionadas para alojamento duas semanas antes da cobertura, permitindo a realização do manejo correto de flushing pré-inseminação;
  • Instalação de bebedouros modelo “chupetas” no caso de gaiolas, para realizar o desmame de porcas no fluxo de cobertura, possibilitando utilizar um volume maior de ração para as porcas desmamadas;
  • As granjas que dispõem de alimentação automatizada e utilizam ração gestação no flushing, devem suplementar as porcas desmamadas com açúcar e suplementos específicos, já desenvolvidos para este fim, nas dosagens corretas recomendadas.

As granjas que adotam e executam o manejo de flushing de forma correta, tanto em leitoas quanto em matrizes multíparas, têm obtido os melhores resultados reprodutivos, justificando o investimento em estrutura e mão de obra qualificada na execução deste importante manejo.

REFERÊNCIAS

MACHADO, G.S. Efeitos de diferentes fontes de energia sobre taxa ovulatória, fertilidade e sobrevivência embrionária em marrãs cíclicas. Belo Horizonte. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.60, n.3, p.600-606, 2008.

CARDOSO, L.A; BARBOSA, N.P.M.O; SOUZA, J.P.P; LOPES,I.M.G; PAULA, G.S; SILVA, B.A.N; CROCOMO, L.F. RELAÇÃO ENTRE PROLIFICIDADE, NATMORTALIDADE, MUMIFICAÇÃO E MORTE POR ESMAGAMENTO EM MATRIZES SUÍNAS DA RAÇA LARGE WHITE X LANDRACE. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 55°, 2018, Goiania-GO. Zootecnia Brasil, 27 a 28 de agosto. 04.