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Desinfecção

<p>Leia artigo feito por Gilberto Provenzano, Médico Veterinário, divulgado pela ACCS.</p>

Redação (24/09/2008)- A desinfecção consiste no controle ou eliminação de agentes causadores de doenças, através de processos químicos ou físicos reduzindo assim a possibilidade de surgirem doenças que poderão trazer aos produtores sérios prejuízos de ordem econômica.

Existem dois tipos de desinfecção: a preventiva, onde o produtor realiza de forma rotineira visando sempre reduzir a carga microbiana no meio ambiente e a de emergência, utilizada em casos de surtos de doenças infecto contagiosas.

No caso de uma desinfecção emergencial é muito importante que o produtor entre em contato com o Médico Veterinário responsável, para que o mesmo através de exames clínicos possa colher amostras para um diagnóstico laboratorial e determinar assim o agente causador da doença e o desinfetante a ser utilizado, na sua concentração e demais medidas complementares que vão interromper o ciclo da doença na criação.

A eficiência de uma desinfecção depende de vários fatores: limpeza prévia (muito importante), escolha do desinfetante, concentração, temperatura da solução de desinfetante, tempo de ação e a qualidade da água utilizada.

Limpeza prévia: tem por finalidade obter superfície limpas, porque a maioria dos desinfetantes são inativados pela matéria orgânica (fezes). A presença destas nas superfícies, dificulta ou até mesmo torna impossível a penetração dos desinfetantes em todas as frestas onde possam ficar alojados os microorganismos. Portanto, a limpeza prévia, permite a ação direta do desinfetante sobre os agentes causadores de doenças.

Obs: Um aumento da dose do desinfetante não irá compensar a falta de uma limpeza prévia.

Escolha do desinfetante: é muito importante para que se tenha o efeito desejado. A escolha de um desinfetante que ofereça todas as condições ideais de atuação é extremamente difícil, considerando o grande número de produtos existentes. Portanto, para selecionar um desinfetante apropriado através de seu princípio ativo, o produtor deve procurar a orientação junto ao Médico Veterinário de sua confiança que irá selecionar o produto mais adequado para as condições inerentes a sua granja.  

Concentração: qualquer desinfetante sempre deve ser utilizado na concentração definida pelo Médico Veterinário. É inútil diminuir a dose e é uma ilusão pensar que agindo assim, os custos serão menores com o mesmo efeito. Reduzir a dose pode provocar uma seleção de microorganismos resistentes. O desinfetante deve sempre ser aplicado em superfícies secas, pois o produtor poderá estar diluindo ainda mais quando as instalações estiverem molhadas.

Tempo de ação: depende da temperatura e da superfície a ser desinfetada, pois nenhum desinfetante tem efeito imediato. Quanto mais baixa for a temperatura da superfície mais deve ser o tempo de ação, pois as temperaturas baixas diminuem o efeito dos desinfetantes. Em superfícies lisas, com aplicação de desinfetantes em paredes verticais, a capacidade de aderência da solução é menor em função da menor porosidade e da tensão superficial. Por isso a ação do desinfetante fica prejudicada devido ao baixo tempo de contato.

Qualidade da água: esta é importante tanto para limpeza como para desinfecção. O uso de águas poluídas, principalmente por Coliformes fecais e Streptococcus fecais, diminuem a eficiência do desinfetante, porque parte dele é consumida para desinfetar a água de diluição antes da solução. Por outro lado, a qualidade química, da água pode interferir na eficiência do desinfetante, exemplo: ph da água, dureza, etc. Devido a estes fatos recomenda-se que seja realizada pelo menos uma análise físico-química e bacteriológica da água a cada seis meses. Os desinfetantes não são igualmente eficientes quando usados como bactericidas, viricidas ou fungicidas. Devido a isto, como forma de aumentar a eficácia da desinfecção, recomenda-se a rotação de desinfetantes visando aumentar o espectro de atividade e para evitar o aparecimento de cepas resistentes de microorganismos patogênicos. A periodicidade da troca do desinfetante varia de 3 a 6 meses, mas para isso é importante que o Médico Veterinário responsável pelo programa de limpeza e desinfecção seja informado sobre a eficácia dos trabalhos.      

Muitos criadores ainda não compreendem que através da desinfecção pode-se alterar completamente os riscos de doença numa granja. A desinfecção deve ser vista como uma ferramenta a mais no controle de doenças e não com substituta de outras medidas de Biossegurança, pois o objetivo principal é manter uma concentração baixa de agentes causadores de doenças, diminuindo desta forma a possibilidade de infecção. O criador nunca deve esquecer que os benefícios colhidos pela desinfecção são de médio a longo prazo e que a persistência ou continuidade do processo, apesar do custo ser imediato, deve ser mantido.

 

Referências Bibliográficas: Circular Técnica nº3 – Embrapa
Suinocultura dinâmica: Limpeza e desinfecção em Suinocultura e observações pessoais em granjas GRSC