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Exportações do campo somam US$ 60 bi

Associação prevê que os embarques do complexo soja rendam quase US$ 18 bi em 2008, 58% mais do que no ano passado.

Redação (10/03/2008)- Indiferentes à instabilidade financeira trazida pela crise das hipotecas nos Estados Unidos, as commodities se mantiveram com forte valorização nas principais Bolsas de negociações pelo mundo até o mês passado.
Com isso, o Brasil, um dos principais fornecedores de produtos agropecuários ao mercado internacional, atingiu o recorde de US$ 60,2 bilhões nas exportações acumuladas do setor em 12 meses até fevereiro.

Esse recorde vem mais pela valorização dos produtos do que pelo volume exportado. Segundo o Ministério da Agricultura, só nos dois primeiros meses do ano o agronegócio acumulou receitas de US$ 9,1 bilhões, com alta de 25% em relação a igual período de 2007.

Mas, se as exportações crescem, as importações seguem em ritmo ainda maior. Apenas no primeiro bimestre, os gastos externos no setor de agronegócios atingiram US$ 2,2 bilhões, 75% mais do que em 2007. Nos últimos 12 meses, o país despendeu US$ 9,65 bilhões com compras externas no setor.

Apesar da evolução das importações, o saldo ainda é recorde e atinge US$ 50,6 bilhões, mesmo com o real valorizado. O agronegócio vai continuar gerando boas receitas para o Brasil também neste ano. Na disputa entre soja e carnes, o carro-chefe da balança comercial agrícola deve continuar com a oleaginosa.

A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) divulgou ontem um dado impressionante. Os preços elevados da soja e derivados permitirão ao país obter US$ 17,8 bilhões neste ano -58% mais do que em 2007. Se confirmado esse dado para 2008, as carnes podem perder, mais uma vez, a disputa com a soja na liderança, apesar de apenas em fevereiro terem rendido US$ 1 bilhão, mesmo com o embargo da União Européia aos cortes bovinos "in natura".

A curto prazo, os preços atuais não parecem muito favoráveis. Nesta semana, o do óleo de soja e o do farelo recuaram 12%. O da soja em grãos, 10%.
O milho, um dos líderes de alta no setor, desde que os norte-americanos passaram a adotar o produto como base na produção de álcool, também caiu. A lista de baixas se estende para açúcar, cacau, café e sucos.

Anderson Galvão, da consultoria Céleres, de Uberlândia (MG), diz que o setor passa por um momento de realização de lucros, após altas acentuadas.
Mas a pressão nos preços vai continuar. A demanda está aquecida, os estoques são os menores em três décadas e o dólar está desvalorizado.

Os dados do Ministério da Agricultura apontam cinco destaques neste primeiro bimestre. As receitas com carnes lideram e atingem US$ 2,1 bilhões, seguidas pelos produtos florestais -US$ 1,6 bilhão.

O complexo soja, líder em 2007 e cujas receitas devem aumentar nos próximos meses com exportações mais acentuadas, soma US$ 1,3 bilhão. Já o complexo sucroalcooleiro, que teve boa recuperação nos preços do açúcar neste ano, atinge US$ 887 milhões, seguido por café (US$ 705 milhões).