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Biosseguridade

FAEP investiu US$ 10,2 milhões no reforço do sistema sanitário do PR

Recursos vêm sendo aportados desde 1997, com objetivo de ajudar a preparar o Paraná para o obtenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação  <br /> 

FAEP investiu US$ 10,2 milhões no reforço do sistema sanitário do PR

No dia 11 de fevereiro, o Paraná deu mais um passo importante em direção à obtenção de reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação. Na ocasião, o Paraná inaugurou o Posto de Fiscalização de Trânsito Agropecuário (PFTA), em Campina Grande do Sul, cumprindo a última exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A construção do posto e as obras estruturais custaram R$ 1,3 milhões, pagos com recursos privados, administrados pelo Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec-PR). Mas a participação da iniciativa privada na consolidação do sistema sanitário paranaense vai bem além.

De 1997 a 2019, o Sistema FAEP investiu US$ 10,2 milhões em diversas ações de sanidade animal, fomentando a participação em reuniões e congressos de órgãos internacionais, como a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) e da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa, e estimulando a criação de políticas públicas.

“Quero dizer que estamos felizes. Mas vamos estar ainda mais felizes em maio de 2021, porque tenho convicção de que vamos obter o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação”, disse o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette. “Estamos escrevendo uma nova história para a pecuária do Paraná”, acrescentou.

Cumprimento das exigências

Localizada ao km 11,5 da BR-116, o novo PFTA se soma a outros 32 que compõem a rede gerenciada pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) que fiscaliza todos os caminhões que transportam animais e produtos agropecuários que queiram entrar ou cruzar o Estado. A unidade recém-inaugurada vai se manter em funcionamento 24 horas por dia, com oito assistentes de fiscalização se revezando em regime de escala.

“Para nós, este é um momento de comemoração. Estamos cumprindo um dos últimos requisitos do Mapa para conquistarmos o novo status. Fechamos as nossas fronteiras, com os 33 postos, principalmente os 23, do ‘arco norte’. Sem a participação de vocês [iniciativa privada], nada disso seria possível”, disse o diretor-presidente da Adapar, Otamir César Martins, durante a inauguração do novo PFTA.

Além de ter finalizado as barreiras de fiscalização sanitárias, o Paraná deu um outro passo decisivo para cumprir a última exigência do Mapa. Em 7 de fevereiro, o governo do Paraná lançou o edital do concurso público por meio do qual irá contratar 30 fiscais [médicos veterinários] e 50 assistentes [técnicos agrícolas ou agropecuários] de defesa agropecuária para o quadro da Adapar”, destacou Meneguette. A prova será aplicada em 10 de maio, nas cidades de Curitiba, Londrina e Cascavel.

A vacinação contra a febre aftosa no Paraná foi suspensa pelo Mapa em outubro de 2019. A campanha de imunização, na prática, foi substituída pela atualização do rebanho junto à Adapar – em que, duas vezes por ano, os criadores de quaisquer animais para fins comerciais devem preencher o cadastro oficial.

Paralelamente, desde 6 de janeiro deste ano, o Paraná fechou suas fronteiras sanitárias. Isso significa que, conforme determinação do Mapa, o Estado passou a proibir a entrada de bovinos e bufalinos voltados à cria, recria e engorda que provenham de unidades da federação que imunizam seu rebanho contra a febre aftosa. Esses animais só podem dar entrada no Estado se estiverem sendo transportados como carga lacrada, a ser encaminhada para abate imediato ou para cruzarem o território paranaense, em direção a outras unidades da federação.

“Este marco é uma sequência que nos traz segurança alimentar, sustentabilidade, mas que dobra a nossa responsabilidade de vigilância. Precisamos estar mais vigilantes”, disse o diretor-executivo do Fundepec-PR, Ronei Volpi, que há décadas acompanha as políticas de defesa agropecuária do Paraná.

“Tudo isso é um esforço de longo prazo, em que estamos construindo o avanço do Paraná. Tudo isso, para evoluirmos e mostrarmos ao mundo uma ‘cara limpa’. Temos outros passos importantes neste ano, com o inquérito sorológico, que vai chancelar que o nosso Estado continua livre da doença”, disse o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara.

Novos mercados

Com o reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação, o Paraná passa a ter um atestado internacional de credibilidade sanitária, de acordo com parâmetros mundiais. Com essa chancela, o Estado pode acessar mercados mais exigentes e que pagam mais pelos produtos, como a União Europeia. Essa abertura de mercado não se restringe à bovinocultura, mas também a outras cadeias em que o Paraná já se destaca internacionalmente, como a avicultura e a suinocultura.

“Muitos produtores, cooperativas e empresários não têm ideia do impacto que [o novo status] vai trazer. Quem acompanhou o Fórum Econômico de Davos, viu: a palavra de ordem é sustentabilidade. Quem não tiver sanidade, quem não tiver sustentabilidade, vai ter dificuldade. Nós não teremos dificuldades, porque estamos seguros”, disse Meneguette. “Vão ser tantas oportunidades que vão faltar produtos para gente exportar”, acrescentou.

“As oportunidades estão crescendo. A China está importando um Brasil por ano em suínos. Tudo é oportunidade para a gente. Temos condições de disputar o mercado internacional, com qualidade, credibilidade e preços competitivos”, avaliou Ortigara.

O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, apontou que as cooperativas do Paraná já estão se preparando para aproveitar as oportunidades que devem ser criadas em razão do reconhecimento internacional. Segundo ele, só neste ano, as cooperativas devem investir, juntas, um total de R$ 3,8 bilhões, já se adaptando às exigências do mercado mundial.

“Se não tivéssemos nos unido, não estaríamos, agora, prontos para esta nova realidade. E o mercado internacional já percebeu isso”, avaliou Ricken. “As cooperativas estão se preparando com investimentos. Temos que agregar valor, conquistar novos mercado e manter os mercados atuais”, destacou.