Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Ferreira Júnior faz relato da reunião da Câmara Setorial

O presidente da APCS participou da reunião da Câmara Setorial de Aves, Suínos, Milho e Sorgo, realizada ontem (10), em Brasília, e relata os principais assuntos discutidos.

Redação SI 11/07/2003 – “Ocorreu ontem (10), no Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), em Brasília (DF), a reunião entre os membros da Câmara Setorial de Milho, Aves, Milho e Sorgo, com objetivo de criar um clima de harmonia entre os segmentos citados.

O secretário executivo do Mapa, José Amaury Dimarzio, abriu os trabalhos relatando os resultados da Câmara Setorial da Carne Bovina, em relação ao sistema de rastreabilidade e do grupo temático sobre classificação e tipificação de carcaças bovina. Isso deixa evidente a linha de ação do Mapa, que irá trabalhar definitivamente na questão da qualidade do produto final.

O secretário comentou sobre a produtividade do milho em algumas regiões de Goiás, atingindo 6 mil quilos por hectare, demonstrando em sua visão a importância da evolução da técnica de plantio direto na região centro-oeste. Ficou explícito em seus comentários, do valor da negociação dos produtos agrícolas brasileiros em relação a outros mercados. Amaury foi enfático: a ALCA é o caminho da negociação.

Frangos
Em relação às últimas ações sobre o uso excessivo de água no frango, o Ministério irá continuar a fiscalizar os abusos e suspender o credenciamento de estabelecimentos que mantiverem essas práticas. E por fim, o secretário executivo do Mapa diz que espera da Câmara o equilíbrio e calma entre os setores envolvidos, a preocupação com o excesso de produção da safra 2002/2003 de milho e para isso, o Ministério irá adotar medidas, entre elas: os contratos de opção, o incentivo as exportações e manter um preço para estimular o produtor de milho para o próximo ano, sinalizou um preço de R$ 15,00/sc sendo o ideal nesse momento na opinião do secretário.

Milho e Sorgo
Na apresentação de Ivan Cruz, da Embrapa Milho & Sorgo, foi relatado alguns problemas na instabilidade da produção e baixa produtividade média do milho no País. A Embrapa demonstrou preocupação no aumento dos casos da doença cercosporiose, o baixo consumo de calcário e fertilizantes na cultura do milho. Um dos problemas sérios na opinião de Ivan Cruz é o armazenamento e suas perdas. Na colheita mecânica é de 9%; no transporte de 0,5% entre a lavoura até a 1* recepção; no armazenamento a granel é de 2% e na espiga de 15%. Como sugestão é necessário na visão da Embrapa, investimentos rápidos na questão dos transportes e no incentivo da importação de milho por sorgo. Outra sugestão foi à implantação de Campanha na produção de sementes de qualidade, hoje, existem 14.546 comunidades envolvendo 738.628 famílias.

Produtores que produzem 3 toneladas por hectare representam uma área de 6 milhões de hectares. Hoje no Centro Oeste, a área de soja equivale a 7.799,5 hectares, enquanto a de milho em 780, 7 mil hectares.

Alimentação Animal
Na apresentação de João Prior, do Sindirações, foi apresentado o consumo na alimentação de suínos, dentro da indústria, chegando a um consumo de 13 milhões de toneladas, sendo: milho 8.513,40; farelo de soja 2.221,4; sorgo 259,0 como os 3 principais ingredientes. Prior apresentou gráfico demonstrando a produção de milho da safra 2002/2003 de 42.757,5 e previsão de estoque de passagem para o final desse ano é de 3.257,10 milhões de toneladas de milho. Afirmou que o mercado é ofertado, o preço é normal e a média entre janeiro a junho de 2003 foi de U$ 5,32/sc de 60 quilos.

Outro representante da Embrapa, o pesquisador Paulo Antonio Brum, relatou aos presentes as principais distorções da cadeia suinícola. Afirmou a necessidade urgente da organização da produção; a implantação de políticas de preservação ao meio ambiente e as questões sanitárias. Em relação à organização da produção enumerou alguns tópicos:

1. Cadastro Nacional da Produção com ficha anexada ao bloco de produtor rural;
2. A criação de cotas na produção com base na legislação ambiental, criando uma conduta de ajuste;
3. Acompanhamento da Produção com agentes profissionais por região, criando estudos de mercados;
4. O aperfeiçoamento nos contratos entre Produtor e Agroindústria e o Ministério mediando as negociações entre as partes;
5. Linhas de Financiamento para a produção primária e o não financiamento com recursos públicos para os mega projetos na suinocultura;
6. Incentivo a secagem e armazenagem do milho na propriedade;
7. Implantação de contratos de venda física e mercado futuro;
8. Incentivo a pequenas agroindústrias na linha de cortes e carne fresca e linhas de financiamento para esses projetos e
9. Incentivo as Cooperativas voltadas a Agricultura Familiar.

Suínos
Na apresentação do presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), o poresidente José Adão Braun relatou sobre a crise, os prejuízos e os danos causados ao setor. Braun afirmou aos presentes que “nunca produzimos tanto e tão bem, nunca exportamos tanto, e nós produtores, principais responsáveis por esses avanços, nunca perdemos tanto dinheiro”. Na planilha elaborada pela ABCS e Embrapa, os prejuízos acumulados por matriz alojada de janeiro a maio de 2003, são os seguintes:

                                      TERMINADO ANO (Jan/Maio-2003)

No. animais

16 

20

24

Janeiro 

-822,40

-650,00

-504,00

Fevereiro 

-758,40

-584,00

-429,60

Março  

-633,60

-438,00

-266,40

Abril    

-486,40

-276,00

-81,60

Maio  

-467,20

-264,00

-76,80

                      
Um dos momentos mais acalorados do encontro foi quando a ABCS apresentou estudo elaborado pelo SIPS/RS, sobre a participação no preço final ao consumidor dos produtos suínos, do produtor, da indústria e do supermercado. Nos embutidos a um preço médio de R$ 4,91 o produtor fica com 23% (R$ 1,15) a indústria com 24% ( R$ 2,29) e o supermercado com 53% . O representante da Associação Brasileira dos Supermercados, Milton Dallari, contestou os dados apresentados e colocou as informações do seu setor à disposição dos presentes, entretanto, não abriu as divulgou.

No final de sua apresentação, Braun leu o manifesto dos suinocultores contando as principais reivindicações, entre elas, podemos destacar o encaminhamento, aos órgãos competentes, de um pedido de avaliação das distorções verificadas nos preços e margens praticadas pelos diversos segmentos que compõem a cadeia produtiva da carne suína e a implantação de um sistema de controle da produção, a ponto de não gerarmos excedentes e produzirmos de acordo com as demandas interna e externa. A ABCS defendeu que seja utilizado pelo menos 10% da produção de milho (4,4 milhões) como estoque regulador para futuras ações do governo federal para intervir no mercado interno.

O companheiro e suinocultor Roberto Cano Arruda, presente ao encontro, representando a Sociedade Rural Brasileira, foi muito feliz em suas colocações e pedindo aos presentes a definição de questões pontuais, tais como:

– A definição de políticas públicas e quais serão de fatos os recursos para a política de estoque estratégico para o milho;

– Que o governo seja definitivamente o mediador e faça as intervenções necessárias para equilibrar o nosso mercado;

– O combate e o impedimento de incentivo proveniente de recursos públicos aos mega projetos internacionais na produção de suínos em nosso país e a criação imediata de grupos temáticos dentro da Cadeia para fazer um raio-X do setor.

Conclusões
Em nossa opinião (Ferreira Júnior), a reunião foi interessante para esclarecer cada vez mais os conflitos entre os vários segmentos de nosso setor. O governo irá proteger a qualquer custo os preços dos grãos, em seu entender, é fundamental para a política da balança comercial. Já na visão da agroindústria, a produção será incentivada pela verticalização, criando modelo de produção, que retira os independentes da participação no grande mercado. Na outra ponta, os supermercados defendem a política de queda nos preços para fomentar um melhor consumo em nosso produto (carne suína), por entender que o consumidor brasileiro tem baixo poder aquisitivo e nossa carne chega caro ao seu cliente.

Enfim, temos uma grande tarefa pela frente, pois segundo estudos da Organização Mundial do Comércio, o Brasil, destaca entre os países emergentes, como sendo um dos grandes potenciais na criação de proteína animal para o mundo. Diante desse fato, precisamos nos organizar e profissionalizar todos os nossos setores da produção, caso contrário, seremos excluídos do mercado.

Outro tema que devemos começar a dar prioridade é na questão de aditivos na nutrição animal e na certificação de nosso produto. Fica evidente entre as conversas do dia a dia, que o diferencial será a rastreabilidade e a qualidade de nossos produtos, principalmente, no item saúde animal”.