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Meio Ambiente

Grandes indústrias perseguem carbono neutro

Desafio climático coloca a redução de gases efeito estufa na agenda de inovação

Grandes indústrias perseguem carbono neutro

O desafio climático coloca a redução de gases efeito-estufa na agenda de inovação. A CBA quer reduzir em 40% as emissões na média dos produtos fundidos, ter linha de produtos carbono neutro até 2030 e neutralização total até 2050. Em 2020, firmou compromisso com o Science Based Target (SBTi), iniciativa para elaboração de metas baseadas em ciência, e desenvolveu o programa Suprimento Sustentável para engajar fornecedores.

Na cadeia da mineração e produtos primários do setor, 70% das emissões estão nos fornos de produção de alumínio. A média mundial de emissão é de 4 toneladas por tonelada de alumínio, mas na CBA são 2,66 e a meta é alcançar 2,18 em 2030, com investimento perto de R$ 600 milhões para atualizar os fornos. Só o uso de biomassa de madeira para caldeira na refinaria de alumina, em parceria com a Combio, cortou 43% da emissão no processo. “Os clientes começam a se interessar pelo alumínio verde”, afirma o diretor-presidente Ricardo Carvalho.

Na Petrobras, as emissões por barril produzido caíram quase à metade em 11 anos. “Nossas ações estão voltadas para produção com baixo carbono”, disse o presidente Joaquim Silva e Luna, em Houston, durante evento do setor. Até 2030, o objetivo é reduzir emissões de gases efeito estufa em 25%, sobre 2015, com inovações como sistema de recuperação de gás no flare (equipamento de segurança); tecnologia Hisep, em fase de testes, que separa e reinjeta o gás que sai do reservatório a partir de sistema no fundo do mar; biodiesel com emissões na produção 70% inferior ao diesel regular; e bioquerosene de aviação (BioQAV).

Na Klabin, a inovação para baixo carbono inclui de novas tecnologias e inteligência climática a produtos e processos mais sustentáveis. Depois de reduzir emissões em 64% de 2003 a 2020, a empresa criou curva de custo marginal para estimar precificação do carbono em cenário de mercado regulado, definido em US$ 7 por tonelada, diz o gerente de sustentabilidade e meio ambiente, Júlio Nogueira.

Com balanço líquido de 4,5 milhões de toneladas de CO2 – suas 23 fábricas emitem menos do que o capturado e fixado em florestas -, a meta é reduzir 25% das emissões até 2025 e 40% até 2035, em relação a 2019, com projetos como uso de fibra de eucalipto para papel kraftliner, gaseificação de biomassa de madeira no forno de cal, uso do saponáceo gerado no cozimento da madeira como combustível e queima de hidrogênio, tudo na fábrica Puma II em Ortigueira (PR).

Agronegócio e energia são pródigos no tema. A DSM criou o aditivo Bovaer, que pode reduzir em até 30% o metano produzido por bovinos e outros ruminantes. A Yara, que reduziu as emissões de operações globais em quase 45% de 2005 para cá, mira a neutralidade em 2050. A empresa criou a Agoro Carbon Alliance para incentivar agricultores a adotarem práticas sustentáveis e obter receitas extras com crédito de carbono, detalha o head, Iule Arruda.

A BP Bunge definiu para 2030 metas como 10% menos emissão de gases efeitoestufa na produção de etanol. Suas 11 unidades são certificadas pelo RenovaBio, programa de incentivo à produção de biocombustíveis com metas de descarbonização, e o bagaço de cana gera bioeletricidade com capacidade de exportar 1,4 GW para o grid. A Engie investiu R$ 80 milhões de P&D na geração de energia eólica e, em parceria com a WEG, desenvolveu o primeiro aerogerador nacional de grande porte, com 4,2 MW de potência.

O portfólio para ajudar a descarbonização de clientes inclui créditos de carbono, contratos e certificados de energia renovável (I-Rec) e digitalização para migrar clientes para o mercado livre, que apoiou a entrega do conjunto eólico Campo Largo 2 (BA), com 361,2 MW, e aporte de R$ 2,2 bilhões no conjunto Santo Agostinho (RN), com 434 MW, explica o diretor de comercialização de energia Gabriel Mann. A Votorantim Energia também ampliou frentes em créditos de carbono e I-Recs, conta Raul Cadena, diretor de clientes e comercialização.

A Siemens desde 2015 tem compromisso de neutralidade em operações até 2030. Em setembro alcançou redução de 54%. No Brasil, atingiu 84% e antecipou a neutralização para 2025, diz a especialista em sustentabilidade e relações governamentais Marcia Sakamoto. A definição do preço interno em cerca de R$ 40 por tonelada de CO2 gerou um fundo de investimento para inovações de descarbonização.

A Siemens Energy oferece soluções verdes como energia como serviço por turbina a gás (60% hidrogênio verde) para a nova planta da Braskem.

Na área de transporte e logística, a Scania tem metas como cortar 50% na emissão de CO2 nas operações e 20% nos produtos até 2025, com base em 2015. Já alcançou 43% nas instalações fabris, se aproximou de compradores de serviços de transporte, como L’Oréal ou Pepsico, e criou o Logistic Lab, para desenvolver solução de baixo carbono em sua própria logística, diz a diretora de relações corporativas, Patricia Acioli.