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Indústria vê queda na produção de ração no Brasil no 1º semestre e perspectiva negativa

A redução nas expectativas de produção e exportação de carnes pelo Brasil, em meio a uma economia fragilizada, tem tido consequência direta no total produzido

Indústria vê queda na produção de ração no Brasil no 1º semestre e perspectiva negativa

A produção de rações e sal mineral do Brasil provavelmente fechou o primeiro semestre em queda, e as perspectivas para o ano, que inicialmente eram de um crescimento de até três por cento, agora são mais turvas, avaliou um representante da indústria em entrevista à Reuters.

A redução nas expectativas de produção e exportação de carnes pelo Brasil, em meio a uma economia fragilizada e diante de alguns embargos internacionais —como o imposto pela União Europeia ao frango—, tem tido consequência direta no total produzido de ração.

Enfrentando custos mais altos com matérias-primas como milho e farelo de soja, a indústria de carnes não tem conseguido repassá-los aos seus preços. Além disso, o setor ainda sofre os impactos da paralisação dos caminhoneiros em maio.

“Toda a expectativa, lamentavelmente, não se deu. No primeiro semestre, a sensação é de recuo na produção de ração”, disse o vice-presidente-executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani, observando que não poderia adiantar os números dos primeiros seis meses, pois eles não estão fechados.

A produção de ração do Brasil somou um recorde de cerca 68,6 milhões de toneladas no ano passado, segundo o Sindirações, entidade que representa a indústria, enquanto o volume produzido de sal mineral atingiu 2,8 milhões de toneladas.

Em abril, após o embargo à carne de frango do Brasil pela UE, Zani ainda tinha uma visão de que poderia haver algum crescimento na produção, ainda que menor do que o previsto inicialmente. Mas o cenário agora está pior.

“Colocando uma pequena dose de otimismo, quem sabe a gente empata (a produção de ração com 2017). Se empatar, vamos celebrar”, disse ele, contabilizando nesta conta a produção de ração e a de sal mineral.

“É possível que haja retrocesso”, alertou o dirigente, ponderando que, excluindo o sal mineral, que tem tido um melhor desempenho em 2018, o cenário é mais negativo para a indústria.

A conjuntura desse setor é um importante indicador para a agricultura, uma vez que 60 por cento ração é feita com milho e pouco mais de 20 por cento do produto é composto por farelo de soja. Uma queda na produção poderia ampliar os estoques de milho, por exemplo.

Segundo Zani, é possível alguma recuperação no segundo semestre, mas ainda em ritmo insuficiente para um crescimento do setor em 2018, após a indústria de carnes do Brasil, o maior exportador mundial de frango, passar a estimar em agosto uma queda de até 2 por cento em volume de produção e reduzir previsão de aumento da produção de carne suína para apenas 1 por cento.

Outro fator que tem influenciado negativamente a produção de rações é o custo das matérias-primas. No caso do milho, uma quebra de safra sustentou as cotações, além do câmbio, que tem ajudado também nas cotações do farelo de soja.

O farelo de soja, por sua vez, tem registrado volumes de exportação recorde, o que ajuda reduzir estoques em momento de demanda menor pela indústria brasileira. O preço da soja subiu diante da demanda histórica da China pelo grão.

O preço do milho, segundo o indicado Esalq/BM&FBovespa, está cotado em 40,87 reais por saca, alta de cerca de 40 por cento ante o mesmo período do ano passado. Já a soja, matéria-prima do farelo, está oscilando perto dos maiores níveis da história.

Não bastasse a alta dos custos das matérias-primas, a indústria brasileira está enfrentando despesas adicionais com transporte, após a implementação da tabela de frete rodoviário, criada na esteira da paralisação dos caminhoneiros em maio.

Os bloqueios nas estradas, aliás, causaram mortandade de animais que impactaram negativamente na demanda de ração neste ano, lembrou Zani.