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Autocontrole de frigoríficos

Intenção de ministra de implantar sistema de autocontrole gera incertezas

Para o presidente da Abrafrigo, a proposta é boa, mas pode ter reflexos negativos para as exportações

Intenção de ministra de implantar sistema de autocontrole gera incertezas

A intenção da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, de implantar um sistema de autocontrole na inspeção dos frigoríficos é vista com apreensão pelo setor. Pela medida, caberia a cada empresa a responsabilidade pelo controle da qualidade dos seus alimentos. Para o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, a proposta é boa, mas pode ter reflexos negativos para as exportações brasileiras de carnes.

“O processo inicial é de vocês, vocês é quem têm que cuidar, que são os responsáveis. Mas se a gente chegar na unidade em uma auditoria e comprovar que há coisas erradas, as punições serão mais fortes, caneta pesada. Isso vai valer para peixe, para boi, enfim, para todos os produtos de origem animal”, disse Tereza Cristina, em reunião com entidades do setor.

Segundo ela, neste sistema de inspeção mais moderno, cada um terá a sua responsabilidade e assumirá as suas decisões e seus atos. “Para isso, a defesa agropecuária vai cobrar a responsabilidade da qualidade e da segurança alimentar exigidas pela sociedade”, assegurou durante o encontro.

O presidente da Abrafrigo aponta que isso significa que o Mapa não mais disponibilizará médico veterinário em tempo integral nos estabelecimentos. “Em tese, é muito bom, mas tem países que não aceitam isso”, diz. Péricles cita destinos importantes das carnes brasileiras, como Rússia, China e Arábia Saudita como países que podem, eventualmente, não aceitar essa mudança. Esse era, inclusive, o temor do ex-ministro do Mapa, Blairo Maggi.

Apesar disso, ele aponta que é muito cedo ainda para se fazer uma avaliação exata dos impactos do autocontrole nos frigoríficos. Segundo o presidente da Abrafrigo, a ministra Tereza Cristina ainda está elaborando um projeto que visa a inspeção no ante e no port mortem. “Os fiscais federais trabalhariam na inspeção (nessa etapas) por amostragem”, conta.

A ministra Tereza Cristina se comprometeu com as entidades representativas a elaborar o texto e fazer uma discussão com a cadeia produtiva. Aliás, segundo Péricles Salazar, houve compromisso de que esse diálogo seja amplo e permanente em outras questões.

Uma só Câmara Setorial

A ministra e os empresários falaram de diálogo, transparência e parceria durante o encontro. Isso porque, segundo o presidente da Abrafrigo, existe insatisfação pela falta de diálogo entre as entidades e os técnicos do Mapa.

Diante disso, Tereza Cristina garanriu que essa aproximação será intensificada com a unificação de todas as câmaras setoriais (carnes, aves e suínos) em uma só: a Câmara Setorial de Carnes, para centralizar os pleitos do setor.

“De modo geral, vejo a câmara única como produtiva. Pedimos um diálogo maior com técnicos do ministério, porque são inúmeros os problemas no dia a dia”, ressalta Péricles Salazar.