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Mamite e metrite causam prejuízos para suinocultores

Infecção dos tetos e do útero leva à baixa produção de leite, com muitos prejuízos para a leitegada.

Redação SI 01/03/2004 – 06h30 – Na suinocultura tecnificada, em que produtividade e qualidade são requisitos básicos, todo cuidado é pouco. Além do manejo adequado e da atenção que deve ser dada à alimentação, a sanidade é de fundamental importância. No caso das matrizes, responsáveis pela produção de leitões, a vigilância deve ser redobrada, principalmente no período final da gestação, no parto e no aleitamento.

Um dos problemas que afetam com freqüência os criatórios é a Síndrome da Mamite, Metrite e Agalaxia (SMMA), um conjunto de problemas que pode causar grandes prejuízos aos criadores. A mamite ou inflamação dos tetos, que geralmente vem acompanhada da metrite (infecção do útero) e, como conseqüência, a agalaxia (redução acentuada da produção de leite) pode afetar de 4% a 10% do plantel de matrizes, índice, portanto, elevado.

De acordo com o veterinário José Vanderlei Burin Galdeano, que atua na Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), em Rio Verde, a SMMA pode afetar as porcas entre 12 e 72 horas após o parto e tem como característica principal o inchaço das glândulas mamárias, com redução da produção de leite. O problema é de importância econômica, porque ocasiona alta mortalidade de leitões, por causa da baixa disponibilidade de alimento para os recém-nascidos.

As causas

Segundo José Vanderlei, muitos fatores podem levar à síndrome da mamite, metrite e agalaxia, entre eles a constipação (fezes secas e dificuldade de defecar), falta de adaptação à cela parideira, troca brusca de alimentação, excesso de calor, parto distócico, isto é, parto anormal (leitões muito grandes ou em posições inadequadas, que acabam lesionando a fêmea), além do estresse (o que é comum entre as matrizes, principalmente se o manejo não for adequado).

A maior incidência da SMMA recai sobre matrizes cuja idade vai avançando (a partir do 4 parto), ocorrendo com mais freqüência em maternidades com celas parideiras e em condições de sanidade e manejo inadequadas. Mas pode ocorrer também em criatórios com excelentes condições de manejo e sanidade. José Vanderlei explica que cada glândula mamária da porca é dividida em uma seção anterior e uma posterior, separada cada qual com sua cisterna e canal da teta. Assim, um porca com 14 tetas possui 28 portas de entrada em potencial para os agentes infecciosos.

Criador deve ficar atento aos sintomas

Todas as matrizes, quando parem, devem ser cuidadosamente observadas nas 72 horas seguintes. Os primeiros indícios da doença são mães desinteressadas pelos leitões, que ficam guinchando (urrando) e tentando mamar. A matriz não responde aos guinchos e se deita sobre as tetas, evitando que os filhotes insistam em mamar.

Outro sintoma é a falta de apetite. As porcas com SMMA não se dispõem a levantar para comer e, em geral, apresentam temperatura acima de 39,8 graus centígrados. As glândulas mamárias se tornam inchadas (geralmente todo o úbere), quentes, doloridas com consistência carnosa.

O corrimento vaginal é normal nos três primeiros dias pós-parto (tem aspecto mucoso, branco e sem cheiro). Não deve ser confundido com a metrite (infecção que gera corrimento amarelado, purulento e fétido). Caso não seja tratada, a doença dura de três a cinco dias, com resolução espontânea. Só que, sem medidas de controle, após esse período, o produtor já terá perdido toda a leitegada ou boa parte dela.

Portanto, os cuidados com os leitões também são fundamentais. Como não ingerem o leite materno, acabam morrendo por falta de glicose ou, no mínimo, tornam-se fracos. Em muitos casos são esmagados pelas porcas, quando estas, ao se esquivarem para impedir que os filhotes mamem, deitam sobre eles e os esmagam.

Pré-parto

Alguns cuidados no manejo, antes do parto, ajudam a evitar a SMMA. Nos cinco dias que antecedem o parto, reduzir gradativamente a quantidade de ração e não alimentar no dia do parto. Recomenda-se também colocar as porcas no mínimo sete dias antes do parto em celas parideiras previamente limpas e desinfectadas. Também deve-se evitar barulho na maternidade.

Após o parto, a primeira refeição deve ser de apenas 1 kg de ração lactação. Para evitar a constipação, incluir farelo de trigo na ração. Outra medida é a remoção das fezes das parideiras duas vezes ao dia, evitando que se acumulem.