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Agronegócio

Mendonça de Barros diz que Brasil diversificou produtos exportados para a China

Economista destacou que a agricultura brasileira passa para uma revolução tecnológica similar à que ocorre na indústria 4.0

Mendonça de Barros diz que Brasil diversificou produtos exportados para a China

O consultor econômico da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, afirmou nesta quinta-feira (26) que já está havendo um movimento de diversificação nos produtos agrícolas brasileiros que são exportados para a China. “Embora a soja seja, em disparada, o maior produto embarcado pelo Brasil, já vemos a consolidação de um importante fluxo no caso da celulose, por exemplo, a qual a brasileira é a mais competitiva do mundo, além do algodão e das carnes”, disse ele, que participa de debate em evento virtual do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

Mendonça destacou que a agricultura brasileira passa para uma revolução tecnológica similar à que ocorre na indústria 4.0 por meio da agricultura de precisão. “Isso começa com a digitalização da produção agropecuária, que se traduz na geração de informações sistemáticas, que viram bigdata e inteligência artificial para o controle das operações e promovem uma expansão da internet das coisas”, explicou ele no evento. De acordo com o consultor, esse modelo se baseia em utilizar uma série de informações para possibilitar que o plantio, a fertilização e o tratamento com defensivos sejam feitos e adaptados à fertilidade “de cada pedaço do solo”.

Outro processo que enriquece nesse aspecto, conforme ele, é a revolução no segmento de defensivos biológicos, com a introdução desses produtos em uma escala crescente e de sistemas integrados de manejo de pragas. “O resultado disso é maior produtividade com menor custo, porque você só aplica os defensivos onde efetivamente é necessário”, afirmou. E acrescentou: “O que chama a atenção é que tudo isso está sendo feito em uma agricultura que não tem subsídios, já que o suporte à produção agrícola no Brasil é 1% do seu valor de produção. Nos Estados Unidos e na China isso é 13%, na Europa é próximo de 20% e no Japão, 45%.”

Em relação ao comércio de proteína animal, ele lembrou que há três anos a China teve um colapso na produção de suínos em função da peste suína africana e que isso trouxe uma enorme oportunidade com o aumento da demanda, que o Brasil está aproveitando muito bem. O consultor disse, porém, que discorda dos discursos que apontam uma relação de dependência dos chineses com os brasileiros e acrescentou que a China já está em um processo de recuperação do plantel de suínos, mas que grande parte desse movimento está ocorrendo em granjas modernas, com forte uso de tecnologia. “Isso não tem acontecido na tradicional produção caseira, artesanal, com baixa tecnificação, que é a origem do problema. O mercado só está começando a perceber agora que à medida que for sendo recomposta a produção de suínos na China, haverá como consequência um aumento significativo nas importações de milho”, afirmou Mendonça.

Nesse sentido, ele aproveitou para reforçar a importância da sanidade animal neste mercado e que o Brasil é um dos poucos países do mundo que não enfrentam problemas como a peste suína africana e a gripe aviária. Portanto, o potencial de crescimento nas exportações de proteína animal ainda é muito grande, conforme o consultor.