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MS intensifica fiscalização na fronteira

As medidas foram tomadas em decorrência da confirmação da doença em dois animais paraguaios.

Redação SI 04/11/2002 – O estado de Mato Grosso do Sul vai intensificar a fiscalização na fronteira com o Paraguai e manter o calendário oficial de vacinação antiaftosa. As medidas foram tomadas em decorrência da confirmação da doença em dois animais paraguaios.

Hoje, haverá uma reunião extraordinária do Comitê Central dos Países da Bacia do Prata (Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai) no Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa), em Duque de Caxias (RJ), para discutir as estratégias de controle da doença. Na ocasião, o presidente da Associação Rural do Paraguai, Carlos Trapani, irá contestar os exames da instituição. Segundo ele, a confirmação do foco foi dada 48 horas depois de o Panaftosa negar a presença da doença no país.

Amanhã, o ministro da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes recebe o ministro da Agricultura e Pecuária do Paraguai, Darío Baumgarten, para avaliar ações bilaterais de defesa sanitária. Pratini de Moraes deve oferecer ajuda financeira ao país vizinho, com a disponibilidade de pessoal técnico e vacinas.

Vacinação ampliada

Em Mato Grosso do Sul, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e o Conselho Estadual de Sanidade Animal (Cesa) decidiram manter o calendário oficial da etapa de vacinação antiaftosa de novembro. Ou seja, mesmo com a imunização tendo começado em 7 de outubro e com previsão inicial para terminar na próxima terça-feira, os pecuaristas do Planalto terão até o dia 30 de novembro para vacinar o rebanho, enquanto que, para os produtores do Pantanal, a data final será 15 de dezembro.

De acordo com Alexandre Auler Krabbe, presidente do Iagro, o governo também está intensificando a fiscalização nos 1,1 mil quilômetros de fronteira com o Paraguai, sendo 530 de fronteira seca. Para isso, foram ampliadas de 22 para 30 as barreiras sanitárias fixas, que incluem a desinfecção total dos veículos, além da manutenção de 10 barreiras móveis.

A confirmação do foco na Estância San Francisco, localizada no departamento de Canindeyú, na fronteira com Mato Grosso do Sul, foi feita na quinta-feira e, desde então, segundo o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luís Carlos de Oliveira, o governo autorizou a ampliação do patrulhamento na fronteira, tanto com o Paraná quanto com o Mato Grosso do Sul. Na sexta-feira, faltava somente que os governos estaduais identificassem os pontos mais vulneráveis. Até a confirmação, o patrulhamento era apenas na região do foco.

A presença da doença no país vizinho poderá atrapalhar os planos brasileiros de exportar carne para os países do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), em função do risco permanente da entrada da aftosa no Brasil. `Mas também é importante para mostrar o papel de cooperação técnica do Brasil com os países do Prata`, afirma Oliveira.

O foco, confirmado na semana passada, ocorreu em uma fazenda que, segundo as autoridades paraguaias, é de um brasileiro. A suspeita foi comunicada às autoridades sanitárias em 20 de setembro passado. O pecuarista tem cerca de mil cabeças e, segundo o presidente da Associação Rural do Paraguai, Carlos Trapani, os bovinos estariam em propriedades dos dois lados da fronteira, com o nome de Lapacho, no Brasil. `No lado brasileiro, não há evidência da doença, mesmo sendo do mesmo proprietário`, disse Oliveira. Foram feitos testes também em rebanho brasileiro, sem a detecção da doença.

Emergência sanitária

Na última sexta-feira, o governo paraguaio comunicou aos organismos internacionais, países vizinhos e compradores de carne a ocorrência da doença, segundo estabelecem as normas de Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE). Na ocasião, o Poder Executivo decretou o estabelecimento de emergência sanitária animal no distrito de Corpus Christi, Canindeyú. Hoje, o ministro paraguaio estará em Buenos Aires, para ser reunir com autoridades argentinas.

As autoridades sanitárias do Paraguai estavam identificando os animais a serem sacrificados, na última sexta-feira. De acordo com o Serviço Nacional de Saúde Animal (Senacsa) serão abatidos os animais ao redor do foco, o que pode significar de centenas a milhares de bovinos. O governo paraguaio determinou ainda a instalação de barreiras sanitárias e suspendeu os certificados para a movimentação de animais em Canindeyú. A região próxima a estância tem cerca de 45 mil animais, segundo dados do Senacsa. Apesar de as normas sanitárias paraguaias preverem a indenização pelo sacrifício dos animais, o pecuarista brasileiro poderá não receber, pois não foi ele quem denunciou a suspeita do foco.