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Sustentabilidade

Nenhum país dirá ao Brasil o que fazer na Amazônia, mas há responsabilidades globais, diz Al Gore

Ex-vice-presidente dos EUA menciona que o desmatamento tem impacto “devastador” em comunidades indígenas e na biodiversidade

Nenhum país dirá ao Brasil o que fazer na Amazônia, mas há responsabilidades globais, diz Al Gore

“O que acontece na Amazônia brasileira depende do Brasil. Nenhum outro país dirá ao Brasil ou ao governo brasileiro o que fazer, e nem deveria”, começou o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, ao responder à pergunta do ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento Luis Alberto Moreno, durante o talk show da 4ª edição do Cidadão Global, evento promovido pelo Valor Econômico e pelo Banco Santander.

Digo isso há décadas”, complementou, para, na sequência, relativizar: “Mas espero que todos aceitem suas responsabilidades na nossa iniciativa global para resolver a crise climática”.

Mencionou que o desmatamento tem impacto “devastador” em comunidades indígenas e na biodiversidade, porque 80% da biodiversidade está concentrada em territórios indígenas, no mundo e na Amazônia.

Depois, saiu da esfera local e colocou a importância da floresta para a região e o Brasil. “A Amazônia também tem implicações críticas para o ciclo hídrico global. Altos níveis de desmatamento na Amazônia já causam escassez de chuvas no Sul.”

Em seguida, pediu recursos para ajudar a preservar. “Globalmente, governantes e o setor público e privado precisam aumentar a quantidade de fundos dedicados às soluções climáticas naturais. Estes investimentos protegem não só os recursos naturais, mas ajudam as economias que dependem deles para diversos serviços ecossistêmicos como qualidade do ar e qualidade da água”.

Ele mencionou um relatório recente que “descobriu que proteger 30% da área hídrica e marítima global aumentaria o retorno econômico anual em uma média de US$ 250 bilhões e geraria, em média, US$ 350 bilhões em serviços ecossistêmicos por ano”.

A equação depende de precificar o carbono, destacou Al Gore. “O que vem sendo politicamente difícil no meu país e em quase todos os países. Alguns conseguiram e mais devem fazê-lo, reconheceu. “Estabelecer mercados de carbono estáveis e transparentes resulta em uma boa redução de emissões e pode ajudar a gerar incentivos para preservar a natureza, além de desencorajar a devastação da natureza”.

Gore ensinou: “Também precisamos elevar a importância destas questões. Há uma grande falha de compreensão do papel imprescindível da natureza na regulação do nosso clima. Este é o caso da Amazônia”, disse. “Devemos trabalhar para garantir que todos compreendam o papel dos sistemas naturais na melhoria da nossa resiliência para lidar com eventos climáticos extremos, na manutenção da agricultura, da pesca e muito mais”.

Ao fazer a pergunta, Moreno havia pedido um conselho a Gore. “Como você acha que a comunidade internacional pode ajudar para prevenir os riscos à floresta amazônica, que é parte do patrimônio mundial?”, perguntou o diplomata colombiano.

“Meu conselho, já que você pediu, é que os governantes, brasileiros ou do mundo todo, considerem as comunidades em territórios indígenas ao desenvolver as políticas climáticas e de biodiversidade”, disse Gore. “Territórios tradicionais e indígenas, como disse, representam somente 22% da terra cultivada, mas 80% das espécies vivas estão nesses territórios. Estas comunidades protegem a biodiversidade mundial há várias gerações. Garantir que tenham assento na mesa é importante para proteger a Amazônia e outros ecossistemas vitais.”