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5º maior no país

O mar de grãos que colocou o MT entre maiores produtores de suínos

O estado se tornou o 5º maior produtor de suínos do país devido à alta oferta de grãos e à necessidade dos produtores de agregar valor

O mar de grãos que colocou o MT entre maiores produtores de suínos

Por Anderson Oliveira

O mar de milho e soja que garantem ao Mato Grosso todos os anos o status de maior produtor desses grãos no País são a chave para o crescimento da suinocultura. O cenário já é real e representado pelo avanço da produção de carne suína no estado, que saltou de 19 mil para mais de 210 mil toneladas entre 2000 e 2017. Neste período, o estado se tornou o 5º maior produtor da proteína animal no país. Com o milho e a soja mais baratos do Brasil, a produção de carne suína é a alternativa para agregar valor e aumentar a receita dos produtores por hectare.

De acordo com Adolfo Fontes, analista de proteína animal da Rabobank, responsável por diversos estudos sobre o potencial da produção mato-grossense, o estado tem por vocação inovar e driblar os problemas logísticos. Com uma imensa produção de soja e milho e distante dos portos do Norte, Sudeste e Sul do país, a produção de proteína animal verticaliza a produção e torna mais barato o escoamento para outros estados e até mesmo a exportação para outros países.

Segundo ele, o histórico do estado do centro-oeste aponta para a agregação de valor constante. “Em vez de comprar mais terras, em locais mais distantes, a aposta é aumentar a receita por hectare.”

O custo mais barato do milho e da soja no Mato Grosso na comparação com os maiores estados produtores são outro fator importante. “No Mato Grosso é possível economizar com a ração animal e isso mais que compensa os custos adicionais da logística”, comenta. No início de janeiro, por exemplo, a saca de soja no Mato Grosso foi cotada a R$ 65,50, enquanto em Santa Catarina o valor era R$ 71,50. Já a saca do milho era R$ 26,35 no MT contra R$ 32,50 em SC.

Economia circular

Em visitas às propriedades do Mato Grosso, o analista do Rabobank, Adolfo Fontes, aponta que está cada vez mais presente a tendência de uma economia circular. Nestes locais, os produtores plantam soja e milho, produzem suínos e, com os dejetos destes animais, geram energia por meio de biodigestores. Os resíduos ainda são utilizados como fertilizantes.  “Temos assim uma economia circular, que reaproveita quase tudo ou mesmo tudo dentro da propriedade”, ressalta.

DDGs

Outra fonte de receita que tem se tornado importante em todo o mundo e vem crescendo no Brasil é a produção de etanol de milho. O resultado desse processo de geração de etanol pelo grão gera um coproduto também muito interessante para a nutrição animal, conta Adolfo Fontes. Trata-se do DDG (Grãos Secos de Destilaria), que possuem alto teor de proteína.

No Brasil, já há tecnologia disponível para que o DDG seja dividido e classificado em dois produtos, um de alta proteína (teor de proteína de aproximadamente 44%), com preço de mercado atrelado ao farelo de soja e o de alta fibra com valor de mercado correlacionado ao preço do milho. Desta forma, o DDG pode ser melhor direcionado para a nutrição tanto de ruminantes quanto de monogástricos.

Investimento de indústrias

O cenário promissor do Mato Grosso começa a despertar a atenção da indústria de processamento de carnes. De acordo com o analista do Rabobank, plantas de grandes indústrias estão chegando à região. Já existem unidades instaladas no estado, mas com capacidade ociosa ou que precisam de investimentos em modernização. Como resultado de todo esse cenário, a perspectiva é de que o Mato Grosso amplie a produção de carnes – bovina, suína e de frango – em 40% nos próximos cinco anos.