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Paraná inaugura o primeiro Biosistema Integrado do País

Nova tecnologia implantada no Sudoeste do Estado abre novas perspectivas para a suinocultura, agregando subprodutos como o biogás, nutrientes para peixes e adubo natural para plantações com controle ambiental.

Redação SI 26/06/2001 14:05 – O município de Toledo, no Sudoeste do Paraná, será palco de uma inovação tecnológica da mais alta importância, ao inaugurar nesta quarta-feira 27/06/01) pelo governador Jaime Lerner, o primeiro Biostema Integrado do País. Trata-se de uma cadeia produtiva que permitirá o aproveitamento total dos dejetos suínos, transformando-os em novos produtos como o biogás, nutrientes para a piscicultura e adubo para plantações, eliminando quase que totalmente a contaminação ambiental.

O Tecpar-Instituto de Tecnologia do Paraná, através do Programa Rede ZERI Paraná, desenvolveu o projeto, viabilizado por meio de parcerias com a Fundação Banco do Brasil, Sadia S/A, IAP Instituto Ambiental do Paraná e a Prefeitura de Toledo, totalizando um investimento conjunto superior a meio milhão de reais.

Segundo maior rebanho nacional, com um total estimado em mais de 4 milhões de cabeças, e terceira maior produção, a suinocultura paranaense vem gerando empregos e divisas para o Estado em todos os segmentos da sua cadeia produtiva, ocupando uma posição de destaque na economia nacional. Além de representar um importante instrumento de fixação do homem no campo, um balanço feito pelo setor no ano passado revelou uma produção de mais de 200 mil toneladas de carne suína o que equivale ao abate de mais de 2 milhões e 500 mil unidades. A região de Toledo representa o maior pólo produtor do Estado, seguida por Ponta Grossa e Cascavel. São nesses municípios que se encontra a maior concentração de criadores de suínos, onde estão instalados grandes frigoríficos.

Produtividade e controle ambiental

Pequenos empresários, em sua grande maioria, os produtores estão estabelecidos em áreas próximas a cursos dágua. Este fato tem sido motivo de preocupação para os órgãos de controle ambiental, já que os dejetos dos animais são dirigidos para os rios sem nenhum tratamento, conduzindo alta carga poluente. Para a população, esta prática tem trazido sérias preocupações com a poluição dos recursos hídricos, morte de peixes e outros animais, doenças e desconforto em razão do mau cheiro e da proliferação de insetos.

No Biosistema Integrado, os dejetos dos suínos são direcionados a um biodigestor onde são decompostos através de digestão anaeróbica, reduzindo em até 60% sua carga poluente. Neste processo é obtido o biogás que pode substituir o gás de cozinha no aquecimento de aviários, além de outras utilidades. Com alto teor nutriente, os resíduos sólidos do biodigestor são transformados em fertilizante natural para plantas, e os resíduos líquidos vão para tanques de algas, servindo de alimento para a criação de peixes. No tanque de peixes pode-se também produzir plantas aquáticas, por meio da técnica de aquaponia. Neste estágio, a água que volta à natureza não contém qualquer resíduo poluente. Além disso, as áreas em redor dos tanques tornam-se naturalmante ricas em nutrientes, sendo ideal para o cultivo de hortas e pomares.

Emprego e renda

O Biosistema Integrado já está sendo monitorado para uma avaliação quanto aos produtos resultantes, que são o biogás, biofertilizantes e os nutrientes para peixes e plantas, obtendo-se uma correta visão do aspecto econômico e financeiro. A perspectiva é de que em breve, uma grande parte dos 30 mil suinocultores da região possa estar apta a implementar biosistemas integrados em suas propriedades. Além da geração direta de milhares de postos de trabalho, contribuindo para a fixação do homem no campo, essa nova tecnologia propiciará um incremento na renda de toda a população da região através das novas atividades advindas da produção e comercialização dos subprodutos do Biosistema Integrado.