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Perdigão e Sadia avaliam expandir sua produção no Brasil

A companhia tem centro de distribuição também em Uberlândia e em Belo Horizonte.

Perdigão e Sadia avaliam expandir sua produção no Brasil

A estratégia de crescimento da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, poderá incluir uma nova fábrica em Minas Gerais para sustentar a expansão prevista pela companhia, – uma das maiores do mundo do ramo da alimentação –, no segmento de refeições prontas ou nos de rações para animais e das chamadas carnes cultivadas.

Em entrevista ao Estado de Minas, o diretor-presidente global da empresa, Lorival Luz, afirmou que serão analisadas as possibilidades de investimento num segundo complexo industrial no estado, como também, de nova ampliação da fábrica de Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

“Está na mesa a expansão das unidades que temos em Minas”, disse Lorival Luz, destacando que os estudos para a definição de unidades fabris passam sempre pelas melhores condições de logística, mercado consumidor, capacidade de produção, abastecimento e infra-estrutura.

A companhia tem centro de distribuição também em Uberlândia e em Belo Horizonte. “Pode ser viável que uma dessas unidades de rações para PET, ou de substitutos de carne aconteça em Minas.”

A BRF anunciou em dezembro último pretensão de investir mais R$ 55 bilhões nos próximos 10 anos. O plano de visão 2030 prevê aumento de participação da companhia no mercado de alimentos prontos, os ready meals, em nichos promissores do consumo de carne suína de alto valor agregado, na alimentação para pequenos animais e de produtos feitos a partir de células de animais, a carne cultivada.

Neste último segmento, firmou acordo com a startup israelense Aleph Farms e quer se tornar referência no país nessa nova tecnologia para obtenção de proteína animal.

Nas avaliações que serão feitas pela companhia, a estrutura de produção que a BRF tem Minas poderá ser aproveitada ou ampliada visando ao aumento de sua participação também no mercado internacional.

A partir de Uberlândia, a BRF já exporta para China, Hong Kong e Cingapura, além de atender clientes no Brasil, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Nordeste e o Centro-Oeste. “Os mercados asiáticos estão abertos. Podemos crescer e expandir a produção para atendê-los”, afirma o presidente da BRF.

No Brasil, a demanda dos cortes nobres da carne suína também está no radar da companhia, tendo em vista o consumo baixo no país frente ao que se observa no exterior.

Enquanto o brasileiro consome, em média, 15,9 quilos por ano, na Europa e nos Estados Unidos as estimativas são de 38kg e 30kg, respectivamente, por habitante ao ano.

A participação de destaque de Minas na oferta da carne de porco e a fama de sua gastronomia reforçam o trabalho que a empresa pretende fazer nesse mercado, como lembra Lorival Luz. Mineiro de Poço Fundo, – um pequeno município do Sul do estado – o executivo é aficionado pelo famoso feijão tropeiro servido por mais de 50 anos nos bares do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão.

Os investimentos mais recentes da BRF na fábrica de Uberlândia permitiram a reativação da linha de margarinas da unidade industrial. O estado abastece de processados os segmentos de suínos, aves e de margarinas da companhia, produzindo cerca de 400 mil toneladas de carnes processadas e 500 mil toneladas de margarina por ano, com o emprego de quase 7 mil trabalhadores.

No ano passado, como parte do processo de ajuste da companhia aos efeitos da pandemia de COVID-19 que envolveu o afastamento dos empregados que estavam nos grupos de risco da doença respiratória, a empresa contratou ao redor de 10 mil pessoas por meio de contratos temporários e outras 3 mil vagas foram abertas neste ano. Parte dos admitidos foi integrada ao quadro de pessoal fixo.

Em Minas, as contratações somaram 1.903 trabalhadores em 2020 e 587 neste ano. Com quase 40 unidades no Brasil e no exterior, a BRF mantém mais de 90 mil empregos.

Perspectivas
O avanço da Covid-19 preocupa, mas não altera os planos da BRF, segundo Lorival Luz, um entusiasta do trabalho em equipe e otimista nato, como ele mesmo se define.

Assim que a pandemia chegou ao Brasil, a empresa criou um comitê de gestão de riscos com a participação de epidemiologistas e consultores internacionais que pudessem orientar sobre as medidas adotadas em outros países.

No comando das ações que foram tomadas e renovadas neste início de ano, o presidente da BRF diz ter acompanhado os protocolos adotados in loco, ouvindo o time em diversas viagens às unidades de produção.

No início do ano passado, como outros executivos, ela acreditava que o Brasil venceria o coronavírus até o fim de 2020. “Todos pensávamos assim. Agora, entendemos que não teremos um 2021 como esperávamos, mas isso não muda nossa visão e a ambição de longo prazo da companhia nem dos investimentos em Minas”, afirma.

Além de destacar a necessidade de o país acelerar a vacinação, Lorival Luz reconhece que o Brasil enfrenta um outro problema, na inflação dos preços dos alimentos. Neste último caso, a solução, segundo o executivo, depende de uma acomodação das cotações dos insumos usados na produção, como o milho, que a lei da oferta e da procura e a própria gestão dos produtores terão de resolver.