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Risco de recessão é baixo, mas economia mundial deve sentir os efeitos do Coronavírus

Em relação às exportações de proteína animal, a tendência é de que os embarques continuem a avançar neste ano, beneficiando as exportações brasileiras para o mercado chinês. O agronegócio do país deve estar atento, no entanto, ao acordo comercial entre Estados Unidos e China

Risco de recessão é baixo, mas economia mundial deve sentir os efeitos do Coronavírus

Por Humberto Luis Marques

 

A China tem vivido nos últimos tempos sob o foco de emergências sanitárias. Surtos de Peste Suína Africana (PSA), Influenza Aviária e Coronavírus vêm ocorrendo em sequência no país, que tem sido um dos principais motores da economia mundial na última década. Os acontecimentos no território chinês impactam diretamente todo o comércio mundial. As ocorrências de PSA são um bom exemplo. Responsável por praticamente metade de toda a produção mundial de carne suína, acompanhado de importações que chegavam a quase dois milhões de toneladas, a perda de praticamente metade do rebanho suíno chinês transformou por completo o mercado internacional de carnes, o que envolve as três principais proteínas: frango, suína e bovina.

O surto de Coronavírus, no entanto, tende a impactar muito mais a economia mundial, pois envolve diretamente a saúde humana, podendo afetar desde o consumo de produtos e outros bens até o deslocamento de pessoas entre os países, além do pânico gerado por informações falsas circulando a uma velocidade assustadora na internet. Os economistas não arriscam ainda uma estimativa do impacto da enfermidade – com casos confirmados em vários outros países – sobre o PIB mundial. A única certeza é que ele ocorrerá. A sua dimensão irá depender principalmente do tempo dispendido para o seu efetivo controle.

Quando surgiram os primeiros casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) na China, no final de 2002, houve uma redução no crescimento econômico mundial. “No caso da SARS, houve uma queda do PIB mundial bem concentrada no primeiro trimestre de 2003, ocorrendo uma retomada na sequência. A expectativa é que ocorra o mesmo processo frente a esta situação vivida com o Coronavírus”, comenta José Carlos O’Farril Vannini Hausknecht, sócio diretor da MB Agro Consultoria e especialista econômico em agronegócio.

A grande questão é no início dos anos 2000 a economia chinesa não tinha o mesmo peso que tem hoje no PIB mundial. “Uma queda de 2% no PIB chinês irá impactar muito mais hoje do que impactaria em 2002/2003. Não só por causa do tamanho da atual economia chinesa, mas também pela interligação existente entre ela e as economias dos mais diversos países”, ressalta Hausknecht.

Uma possível recessão mundial, de acordo com o diretor da MB Agro, está inicialmente descartada. Um quadro recessivo se daria apenas frente a uma eventual perda total de controle na disseminação da Covid-19, nome oficial atribuído à enfermidade. Por outro lado, o atual cenário tende a favorecer ainda mais as exportações brasileiras de proteína animal. Independente da questão sanitária, a demanda por alimentos na China deve se manter aquecida, embora possa sofrer alguns altos e baixos frente à proliferação ou não do Coronavírus. Hausknecht ressalta, no entanto, que o agronegócio brasileiro tem de estar atento ao acordo comercial entre Estados Unidos e China. O mercado chinês se transformou no maior cliente de carnes e soja do Brasil, e agora ele voltará a estar aberto para os produtos agrícolas americanos.

Confira a entrevista na íntegra clicando aqui!

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