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Rússia mantém proibição à carne suína

O governo federal havia anunciado a retomada das vendas a partir de 1o de abril - o que não ocorreu.

Redação SI 23/04/2003 – Produção catarinense não pode ser exportada até a doença de Aujeszky ser erradicada. O resultado positivo de exames sorológicos efetuados no rebanho suíno de Santa Catarina continua impedindo a exportação de carne de porco para a Rússia. Hoje, o secretário de Agricultura e Política Agrícola daquele estado, Moacir Sopelsa, estará reunido no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para discutir o embargo ao produto. Desde 24 de dezembro, devido a um foco da doença de Aujeszky, que o estado não pode exportar para aquele país.

O governo federal, no entanto, havia anunciado a retomada das vendas a partir de 1o. de abril – o que não ocorreu. Santa Catarina respondeu, em 2002, por 58% de todas exportações brasileiras de carne suína para a Rússia.

No encontro, o governo catarinense espera definir com os técnicos do ministério o relatório final do Programa de Erradicação da Aujeszky a ser encaminhado aos russos. Na avaliação do secretário Sopelsa é necessário modificar o contrato que mostrava Santa Catarina como livre da doença, informando que a enfermidade está sendo controlada e atingiu menos de 1% do rebanho de suínos, nível aceito pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Segundo o coordenador do Programa Sanitário do Ministério da Agricultura, Jamil Gomes, as exportações não foram retomadas porque na busca de atividade viral, ou seja, durante os exames sorológicos (considerados de praxe para a erradicação da doença) foram detectados animais reativos, que foram sacrificados. A notícia de novos focos da doença teria impedido a venda para a Rússia.

Gomes, porém, garante que não se trata de novo foco da doença. Segundo ele, a doença tem pouca difusão, considerada pela OIE como nível B e, por isso, a Rússia não precisaria embargar o produto brasileiro. Os focos de Aujeszky foram detectados em outubro passado e, segundo o governo, combatidos. À época, a OIE foi comunicada.

O embargo à carne catarinense fez com que, em março, as exportações brasileiras de suínos caíssem 13%, a primeira variação negativa desde junho de 2000. As menores vendas se explicam pela redução de 8% nos preços e pela queda de 39% nos embarques para a Rússia, responsável por 76% das exportações do produto em 2002.

Uma nova tentativa do governo brasileiro de derrubar o embargo será feita em maio. Está programada uma missão aquele país, com a presença do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.

Programa de erradicação

Conforme Sopelsa, o objetivo da reunião é mostrar ao ministério os relatórios deste ano do programa de erradicação da doença de Aujeszky no estado e discutir os termos do novo acerto que será feito com o governo russo para exportação de carne suína brasileira. É esse acordo que determina as quantidades que podem ser exportadas e as exigências sanitárias.

Conforme o último acerto, para autorizar a entrada de carne brasileira na Rússia, o produto teria que ter certificado de sanidade atestando que a carne exportada fora produzida em região livre de Aujeszky, o que exclui do negócio Santa Catarina, pois o estado desenvolve programa para erradicar a doença até 2004. O que Santa Catarina espera agora é que no novo acordo seja autorizada a venda de carne produzida em regiões onde a doença está controlada, diz Sopelsa.

Em janeiro deste ano foi encerrada a primeira fase do programa de erradicação catarinense, que implicou abate de 115 mil suínos. A segunda fase do programa iniciou em seguida e em fevereiro foram realizados exames nas propriedades vizinhas às que registraram focos da doença na primeira etapa.

Em março, com os resultados das primeiras sorologias realizadas, foi confirmada a existência de anticorpos para doença em animais de quatro propriedades (nenhum apresentava sintomas da doença). Preventivamente foram abatidos então os 3,1 mil suínos dessas propriedades e as áreas submetidas ao “vazio sanitário”, período em que não podem ser alojados animais nesses locais, informou o chefe do serviço de sanidade animal do ministério em Santa Catarina, Carlos Alberto de Melo.