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Suinocultura

Seminário aponta sanidade como fator de competitividade

Prioridade entre os produtores dos principais players mundiais de carne suína, a sanidade é um componente vital para a lucratividade na suinocultura

Seminário aponta sanidade como fator de competitividade

Jean Paul Cano, diretor Global de Serviços Veterinários da PICA sanidade é, hoje, um pilar importante para a competitividade na produção de suínos. Os eventos sanitários registrados pelo mundo, nos últimos anos, geraram grandes prejuízos e reforçaram, entre os grandes players, a importância da implementação de rigorosas medidas de biossegurança e de planos de contingência sanitária.

Para Jean Paul Cano, diretor Global de Serviços Veterinários da PIC, mais do que um recurso incremental, a sanidade tornou-se, assim como a genética e a nutrição, um componente vital para a eficiência e a lucratividade na suinocultura. “A sanidade e, consequentemente, as boas práticas de biossegurança, são elementos determinantes para a competitividade na produção de suínos e é crescente essa mentalidade entre os produtores”, afirma Cano, que é um dos palestrantes do 13º Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC, que acontece de 8 a 10 de agosto em Mangaratiba (RJ).

Médico Veterinário, formado pela Universidade Central da Venezuela, Jean Paul Cano possui PhD pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Reconhecido internacionalmente como uma das maiores autoridades em ecologia e epidemiologia de doenças respiratórias em suínos, é considerado um dos expoentes no estudo da PRRS. Iniciou sua trajetória profissional na área acadêmica. Entre 2001 e 2009 foi professor de Medicina e Produção de Suínos na Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidade Central da Venezuela. A partir de 2009, atuou como diretor Sênior de Serviços Profissionais para Suínos, numa gigante do setor de saúde animal e, desde 2014, é diretor Global de Serviços Veterinários da PIC – EUA, sendo responsável pelo desenvolvimento e execução das diretrizes de monitoramento sanitário de um plantel de mais de 140 mil fêmeas puras em multiplicação, distribuídas em diferentes países, que atendem um total de aproximadamente 2 milhões de matrizes.

Na entrevista a seguir, o especialista fala sobre a importância da sanidade para a competitividade na produção de suínos, explica como os inéditos eventos sanitários têm ajudado a criar a “cultura da biossegurança” entre os suinocultores dos principais centros de produção de carne suína e aponta quais são as doenças mais preocupantes para a suinocultura mundial.

Os novos agentes infeciosos detectados e inéditos eventos sanitários enfrentados na suinocultura mundial conferiram à sanidade um status prioritário entre os suinocultores. O senhor poderia traçar um paralelo entre sanidade e competitividade na suinocultura nos dias de hoje?

Jean Paul – Os custos de produção e a oferta global de carne são determinantes para viabilizar a atividade. Na suinocultura moderna, podemos considerar que a sanidade entra nesse contexto de forma decisiva, ou seja, definindo se o país será um bom competidor ou não. Alguns agentes infecciosos têm mostrado os seus impactos em regiões onde a biossegurança não é vista como prioridade, chegando a comprometer completamente a atividade. Muitos países gostariam de ter o padrão sanitário brasileiro e, para manter esse “privilégio”, a biossegurança deve ser tratada como um pilar tão importante como a Genética, a Nutrição e a Ambiência.

Na opinião do senhor, o surgimento de novas e o reaparecimento de velhas doenças na suinocultura mudaram a forma de o setor enxergar a biossegurança?

Jean Paul – Sem dúvida, os impactos financeiros gigantescos, principalmente aqueles gerados pela falta de disponibilidade de carne, como no caso dos surtos de PED na América do Norte, fizeram a preocupação chegar até os proprietários e acionistas das empresas. Nos Estados Unidos e em outros países que presenciaram o surto, a mortalidade chegou a 100% nas maternidades, obrigando as empresas a pararem suas indústrias por falta de animais. Essas ocorrências sanitárias suscitaram discussões muito produtivas sobre estratégias de biossegurança. Muitos avanços ocorreram desde então. Hoje, as boas práticas de biossegurança são prioridade máxima entre os países grandes, produtores de suínos. Novas tecnologias vêm surgindo, como o TADD, por exemplo, um novo conceito em desinfecção de caminhões por secagem forçada com ar aquecido.

Que postura as empresas suinícolas e os suinocultores precisam adotar diante dessa nova realidade?

Jean Paul – Penso que o foco deve ser nos planos de expansão. Muitas empresas estão tendo que aumentar seus plantéis, e é nesse momento de planejamento que as estruturas de biossegurança devem ser contempladas nos projetos. As granjas velhas terão seus dias contados e logo não atenderão às exigências de produção.

É possível afirmar que já existe, entre os produtores dos principais players do mercado suinícola global, a chamada “cultura da biossegurança”?

Jean Paul – Sim, por isso são consideradas altamente competitivas. Ao mesmo tempo, essas empresas estão entendendo que não adianta nada investir agressivamente em biossegurança, se a cadeia toda não fizer o mesmo. Considero, também, a biossegurança como um compromisso de todos. Nos Estados Unidos, por exemplo, as grandes agroindústrias estão compartilhando informações para que todos possam lutar juntos contra as enfermidades.

Sob o ponto de vista produtivo, quais são as enfermidades mais preocupantes na suinocultura, hoje em dia?

Jean Paul – Sem dúvida, as enfermidades virais, devido à resistência que possuem em baixas temperaturas fora do hospedeiro. Entre elas, posso destacar a PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos), PED (Diarreia Epidêmica dos Suínos), DCoV (Coronavirus), TGE (Gastroenterite Transmissível), SIV (Vírus da Influenza Suína) e o SVA (Seneca Valley Virus A). São todos agentes de difícil controle, porque podem ser carregados por vários vetores, incluindo equipamentos contaminados. No caso do Brasil, acredito que o Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) e a SIV são os que causam maiores prejuízos, por não se ter ainda ferramentas eficientes para o controle desses agentes.