Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Situação dos criadores de suínos continuará muito difícil em 2003

Produção crescente, preço alto do milho e mercado fraco devem dominar cenário.

Redação SI 30/09/2002 – A crise que afeta a suinocultura pode estar longe do fim. O setor caminha para viver em 2003 uma situação parecida com a deste ano. Embora os criadores falem em abate de matrizes, analistas acreditam em manutenção da produção. O milho continuará um insumo escasso. E, com fracas perspectivas de melhor demanda no país, o setor começará 2003 novamente apostando na exportação.

A produção brasileira deve se manter em 2,8 milhões de toneladas de carne em 2003, segundo Jurandi Machado, do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa). Pelo novo levantamento do instituto, essa produção é 27% superior a 2001. “Não está ocorrendo uma abate de matrizes que justifique queda da produção em 2003”, concorda Jonas Irineu dos Santos Filho, pesquisador da Embrapa Aves e Suínos. Ao contrário, 20 mil novas matrizes foram alojadas em Santa Catarina de janeiro a agosto desse ano.

O quilo do suíno vivo já caiu 14% desde o início do ano atingindo R$ 1,12 sem tipificação em Santa Catarina, conforme a FNP. José Adão Braun, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), recomenda queda de 10% na produção para o próximo ano. “Muito criador vai ficar pelo caminho”, concorda José Zeferino Pedrozo, diretor da Aurora.

Machado argumenta, porém, que a produtividade dos criadores remanescentes irá melhorar. “Quem mais sofre nessa crise é o criador independente”, diz Santos Filho, da Embrapa. Além disso, grandes empresas, como Sadia, Seara, Aurora ou Perdigão, que chegam a trabalhar com 80% da produção integrada, têm grandes projetos que não serão reduzidos. “O custo das companhias é próximo do custo de produção. E elas vendem produtos de maior valor agregado “, diz o pesquisador da Embrapa.

O milho não dará trégua a suinocultura em 2003. A MPrado prevê queda de 4% na área plantada da safra de verão. Embora a área para a safrinha possa aumentar 15,7%, não será suficiente. Segundo a MPrado, a demanda da suinocultura por milho passará de 8,4 milhões para 8,9 milhões de toneladas em 2003. Com o câmbio desvalorizado, a importação está mais difícil e a exportação sendo estimulada. “Há muito milho comprometido para março e abril”, diz Leonardo Sologuren, da FNP. A Embrapa calcula que a o preço da saca de milho ficará acima de R$ 17 em 2003. As exportações para março já saem a R$ 21.

O setor está organizando campanhas de marketing e de redução de preços para elevar o consumo interno de carne suína. Mas é um trabalho de longo prazo. “É necessário mudar a percepção do consumidor”, diz Santos Filho. Assim, a exportação aparece como a solução dos problemas da atividade.

No entanto, a abertura do mercado europeu é praticamente impossível em 2003, pois o relatório da última missão que visitou o país foi bastante desfavorável. Segundo Claúdio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o setor tenta trazer uma nova missão em 2003. Enquanto isso, trabalha outros mercados. A África do Sul acaba de retomar suas importações. E o setor visita Pequim esse mês para conversar com importadores chineses. Nas contas de Martins, o país vende hoje 15% de sua produção no mercado externo. A meta é chegar a 25%.