Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Só rebanho menor salva suinocultura

A redução do plantel é a saída apontada pelo setor para equilibrar preços no país e exterior.

Redação SI 28/06/2002 – Bastou um descuido nas cotas de produção e a suinocultura entrou em crise. O preço do suíno despencou com a superprodução no país. O quilo do animal vivo, que chegou a R$ 1,18, caiu para até R$ 0,90 nos últimos meses.

Se não bastasse a queda do poder aquisitivo dos brasileiros, há ainda a insegurança do mercado russo, o principal cliente no exterior. Para agravar ainda mais o cenário, a estiagem devastou milhares de lavouras de milho. O setor sabe que vai penar por algum tempo e só tem uma saída: recuar a produtividade para equilibrar a oferta.

A crise na suinocultura no Estado foi um dos assuntos discutidos ontem, durante seminário com mais de 300 cooperativas de Santa Catarina, em Ingleses, na Capital. Disparadas no ranking nacional, com participação em 56%, as cooperativas agrícolas são fundamentais no setor. É aí que entra a crise da suinocultura. A Coopercentral Aurora, com sede em Chapecó, e que reúne outras 17 associações com 36 mil agricultores nos três estados do Sul e Mato Grosso do Sul, é a maior cooperativa do Estado e a única a exportar carne suína.

Para driblar a superoferta, a Aurora aumentou o abate diário de suínos de 7,9 mil para 9,8 mil cabeças. Mesmo assim, sobram ainda cerca de 40 mil em idade de abate, explicou o vice-presidente José Zeferino Pedrozo. O rebanho no Estado cresceu 9% este ano. Em outras regiões, a média chegou a 17%.

Com muitos suínos, os preços despencaram. Na mesma velocidade, subiram os preços dos insumos, como o milho que escasseou com a estiagem no ano passado. As perdas chegam a 800 mil toneladas. Pedrozo acredita que vai faltar 1,6 milhão de toneladas do produto. A escassez elevou a saca de 60 quilos a até R$ 16. A alternativa é convencer o governo federal a liberar seus estoques para regular o mercado.

O milho representa 70% da ração. Outro agravante é o farelo de soja, atrelado à variação do dólar, que disparou nos últimos dias. Cada associado está perdendo de R$ 10 a R$ 20 por animal vendido, disse.

Há ainda a insegurança do mercado russo, que hoje consome 80% da carne suína exportada do Estado. Junte-se à queda dos preços no exterior. A tonelada da carcaça (suíno dividido em duas partes) alcançou no ano passado US$ 1,2 mil. Agora, não passa de US$ 800.

CARNE
Suína: 11 quilos
Bovina: 30 quilos
Frango: 35 quilos
Observações
Em países industrializados, o consumo da carne suína chega a 60 quilos por pessoa/ano.
No ano passado, o quilo do suíno vivo era vendido a, no mínimo, R$ 1,60. Chegou até R$ 0,90.
As agroindústrias e cooperativas pagam, em média, de R$ 1,12 a R$ 1,18 o quilo.
Um problema são os produtores independentes que têm 60 mil matrizes e uma grande produção. Para aliviar o rebanho, baixam os preços.
O plantel cresceu este ano 9% em SC e 17% em outros estados.