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Commodities

Soja avança e fecha acima de US$ 14 na Bolsa de Chicago

Preços de trigo e milho também encerraram o dia em alta

Soja avança e fecha acima de US$ 14 na Bolsa de Chicago

Os grãos negociados na bolsa de Chicago fecharam a sexta-feira com alta generalizada. O clima seco na América do Sul impulsionou a soja, e o contrato mais negociado (março) do grão avançou 1,66%, a US$ 14,1025 o bushel. O papel para maio, por sua vez, subiu 1,63%, a US$ 14,17 por bushel.

As intempéries têm afetado regiões produtoras importantes, como o Sul e o Centro-Oeste brasileiros, levando consultorias a reduzirem suas expectativas para a safra local. Ontem, em virtude da estiagem no Sul do país e em Mato Grosso do Sul, a consultoria AgRural cortou sua estimativa para a safra brasileira de soja em 11,3 milhões de toneladas, para 133,4 milhões de toneladas.

Já a AgResource Brasil reduziu em 10 milhões de toneladas sua previsão, para 131 milhões de toneladas. Nos dois casos, o número está abaixo do recorde do ciclo anterior, de 137,3 milhões de toneladas. De acordo com o Commodity Weather Group, choveu no Paraná e no Rio Grande do Sul, e as precipitações devem continuar de maneira leve nos próximos dias.

“As próximas duas semanas provavelmente serão mais úmidas no Sul do Brasil e no Paraguai, embora a chuva provavelmente tenha chegado tarde demais”, disse a empresa à Dow Jones Newswires. A perspectiva não é totalmente positiva, já que 20% da área de soja no Brasil e 35% das regiões de cultivo do Paraguai continuam afetadas pela seca, segundo o CWG.

Raphael Mandarino, diretor da AgResource Brasil, destaca que os modelos meteorológicos indicam chuvas mais significativas no Sul do Brasil e na Argentina entre 17 e 22 de janeiro. Mas, segundo ele, pode ser tarde demais para reverter o quadro em algumas lavouras.

O mercado ficará atento ao relatório do Departamento de Agricultura americano (USDA), que será divulgado na próxima quarta-feira e trará as projeções de oferta e demanda, lembra Dan Hueber, da consultoria The Hueber Report.

Sem grandes novidades em seus fundamentos, os contratos futuros do trigo para março (os mais negociados) avançaram 1,68%, a US$ 7,585 por bushel, e os papéis para maio subiram 1,43%, a US$ 7,605 por bushel. Segundo o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, o cereal avançou em um movimento de correção técnica, ocorrido após duas quedas consecutivas.

Desde a virada do ano, o cereal de inverno está sob pressão exercida pela expectativa do mercado de que o USDA aumentará sua projeção de oferta global no relatório da semana que vem. “O mercado deve andar de lado até lá”, comenta Molinari.

As exportações americanas de trigo foram fracas na semana encerrada em 30 de dezembro, segundo o USDA. As vendas líquidas do cereal ficaram em 48,6 mil toneladas, queda de 76% na comparação com a semana anterior; o volume ficou 87% abaixo da média móvel de quatro semanas. Outras 2,5 mil toneladas foram vendidas para 2022/23.

O clima nos EUA também está direcionando as cotações. Espera-se chuva no leste do Meio-Oeste do país, onde o trigo de inverno vermelho está hibernando. Apesar disso, o Commodity Weather Group afirma que nas planícies do sul, onde variedades de vermelho duro estão crescendo, o tempo deve continuar seco nas próximas duas semanas. O milho, por sua vez, subiu acompanhando o trigo, segundo Molinari.

Os compromissos para março avançaram 0,5% na bolsa de Chicago, a US$ 6,0675 por bushel. Os papéis para maio subiram 0,54%, a US$ 6,0775 por bushel. Os investidores estão preocupados com a produção de milho na Argentina, onde a previsão é de pouca chuva e muito calor na próxima semana.

Molinari lembra que a safra argentina é a única “exportável” durante o primeiro semestre. Dados fracos de vendas nos EUA na semana encerrada no dia 30 de dezembro limitam os ganhos. O saldo líquido (resultado de novos contratos e cancelamentos) da temporada 2021/22 somou 256,1 mil toneladas, queda de 80% em comparação com a semana anterior e 81% abaixo da média das últimas quatro semanas.

Apesar dos números fracos da última semana de 2021, relatos diários indicam que pode haver uma reação na primeira semana deste ano. “Se a [safra da] Argentina quebra, [isso] ajuda as exportações americanas”, comenta o analista da Safras & Mercado.