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Vacinação: teoria e prática

<p>Curso teórico e prático de vacinação de suínos foi um dos destaques do segundo dia de atividades da AveSui Regiões.</p>

Redação SI (12/04/07) – A AveSui Regiões foi palco na tarde desta quarta-feira (11/04) para a realização do Curso Teórico e  Prático de Aplicação de Vacinas e Medicamentos em Suinocultura. Promovido pelo Tecsa Laboratórios em parceria com a Gessulli Agribusiness, o curso deu ênfase aos cuidados e procedimentos necessários para garantir o sucesso da vacinação de suínos.

Além de toda a parte teórica, que destacou o correto manejo do processo de vacinação, os participantes puderam conhecer na prática os cuidados que devem ser observados para a correta aplicação de vacinas e medicamentos. Ao conciliar módulo teórico e prático, o curso estimulou a participação do público, configurando-se como uma excelente oportunidade para rever e aprimorar as práticas de manejo sanitário.

Durante o módulo técnico, o médico veterinário do Laboratório Tecsa e mestre em patologia, Maurício Schürmann, falou sobre a importância da vacinação para a proteção adequada do rebanho suinícola e sobre as principais falhas que comprometem a eficácia dos programas de vacinação.

Segundo o especialista, a vacinação é uma das mais importantes ferramentas para o controle e prevenção das doenças infecciosas na suinocultura intensiva. De acordo com ele, a vacinação apresenta excelente viabilidade econômica na medida em que auxilia na prevenção de perdas de animais e minimiza o impacto e severidade de doenças na produção animal. “Além da eficiência, outros pontos favoráveis à implantação de programas vacinais são o fato das vacinas não deixarem resíduos e, sobretudo, minimizarem o uso excessivo de antibióticos”, afirma Schürmann.

Para que o programa de vacinação apresente os resultados esperados, no entanto, é necessário que todos os procedimentos sejam realizados de forma criteriosa. “As falhas de vacinação podem ocorrer e, em geral, só são detectadas quando, após a administração da vacina, os suínos não desenvolvem níveis adequados de anticorpos e mostram-se susceptíveis aos desafios de campo”, explica.

Falhas de vacinação – Segundo Schürmann, as falhas de vacinação são mais comuns do que se imagina e ocorrem, sobretudo, por desatenção durante a etapa de aplicação, desconhecimento da correta administração da vacina e de seu manejo inadequado.

O sucesso da vacinação, explica o especialista, depende, por exemplo, da resposta imunológica do suíno ou da ausência dela. “Vacinas administradas em animais já infectados, o uso de vacinas não específicas para o problema em questão, ou mesmo a utilização de cepas inadequadas, são os principais fatores de falha na resposta do suíno”, completa. “O mesmo ocorre na aplicação em animais com imunidade passiva, nos casos de imunossupressão”, completa.

A administração incorreta de vacinas através de aplicação por vias incorretas, a inativação de vacinas vivas, e, principalmente, o uso de equipamento contaminado e sujo, são outras causas de falhas vacinais apontadas por Schürmann.

O especialista explica que o correto manejo das vacinas inclui uma série de cuidados que devem ser observados para assegurar o sucesso da vacinação. Entre esses procedimentos estão: o recebimento das vacinas na propriedade, sua estocagem, transporte, aplicação e manejo de seringas e agulhas.

Pontos críticos – A etapa de recebimento das vacinas é considerada um ponto crítico. De acordo com Schürmann, ao receber as vacinas é imprescindível verificar o destinatário das vacinas – para checar se elas foram entregues no destino correto – e a integridade da caixa isotérmica, da fita de lacre da caixa e dos frascos da vacina, conferindo a quantidade de frascos e seu volume. “É preciso também verificar a temperatura do gelo da caixa. As vacinas inativadas, por exemplo, são mais resistentes à elevação de temperatura no transporte, desde que por curto período de tempo”, explica.

A estocagem das vacinas é outra etapa que demanda cuidados especiais. Após a primeira conferência, as vacinas devem ser guardadas em local apropriado e sob refrigeração. O ideal, segundo o especialista, é que elas sejam acondicionadas numa geladeira de uso exclusivo entre 2ºC a 8ºC. “As vacinas devem ser guardadas no meio da geladeira, longe do congelador, da porta ou das gavetas”, explica. “É importante também separá-las por tipo, deixando os rótulos bem a vista, e ordená-las pela data de vencimento”. Schürmann adverte ainda que as vacinas jamais devem ser congeladas.

Como as vacinas terão de ser transportadas para o local onde se encontram os animais a serem imunizados, explica Schürmann, certos cuidados devem ser observados para garantir sua eficácia.

O primeiro deles é transportar as vacinas em caixa de isopor com gelo. Durante o trabalho de vacinação é preciso manter as vacinas refrigeradas e longe do sol. Durante os intervalos, adverte o médico veterinário, é preciso manter também os aplicadores dentro da caixa de isopor. E nunca se esquecer de agitar o frasco antes de cada recarga do aplicador ou da seringa.

O manejo das seringas e agulhas é outro ponto crítico não só da vacinação, mas também da administração de medicamentos injetáveis. Segundo Schürmann, as agulhas devem estar em bom estado, com pontas finas a afiadas. “Agulhas com pontas desgastadas causam lesões tissulares aumentando a possibilidade de infecção. As seringas e agulhas devem receber tratamento especial no quesito limpeza e desinfecção”, explica.

Aplicação e reações vacinais – A etapa de aplicação das vacinas e/ou de medicamentos também exige atenção. O primeiro cuidado, explica Schürmann, é ler o rótulo e, principalmente, a bula da vacina ou do medicamento. “É na bula que se encontram todas as informações sobre o produto e os procedimentos de aplicação”. É importante também verificar se é realmente a vacina correta a ser utilizada e, em caso afirmativo, mantê-las refrigeradas e usar primeiro as vacinas próximas do vencimento.

Segundo Schürmann, higienizar com pano limpo e álcool o local da aplicação também é recomendável. “É preciso também usar uma agulha para retirar a vacina do frasco e outra para aplicar a vacina ou o medicamento, sempre se lembrando de agitar o frasco antes da aplicação”, explica.

De acordo com Schürmann, as vias de aplicação mais utilizadas na suinocultura são a subcutânea e a intramuscular. O especialista explica que as reações vacinais são bastante freqüentes. “A vacina simula a doença. Ela deve e tem que causar alguma reação”, diz Schürmann. Segundo ele, 10% das reações vacinais são normais, sendo os 90% restantes originadas por falhas durante a aplicação.

A reação mais preocupante segundo Schürmann é o choque anafilático. “A anafilaxia é uma reação sistêmica aguda que ocorre com a administração de um antígeno a qualquer indivíduo sensibilizado, sendo uma sensibilidade individual”, diz.

Outra reação vacinal são os abcessos, que na maioria dos casos, ocorrem entre uma e duas semanas após a vacinação. “A ocorrência de abcessos geralmente indica uma contaminação da vacinação devido à agulha e/ou seringa contaminada ou suja”, comenta.

Na ocorrência de abcessos após a vacinação, afirma Schürmann, é preciso revacinar os animais acometidos.

Módulo prático – Na parte final do curso foi realizada a demonstração prática do processo de aplicação de vacinas em suínos. Este módulo teve como objetivo possibilitar a visualização dos procedimentos adequados a uma boa vacinação, com ênfase no uso correto das vias de aplicação – intramuscular e subcutânea – e da utilização das agulhas (calibre e comprimento) no ato da vacinação. Para a demonstração foram utilizados dois leitões em idade de desmame.

Na primeira apresentação, Schürmann falou sobre a via de aplicação intramuscular. De acordo com ele, essa é a via mais fácil de aplicação, pois apresenta menor reação local e execução mais rápida quando comparada à via subcutânea.

Esse modo de aplicação, entretanto, exige cuidados com as seringas e agulhase com a homogeneização das vacinas. O local ideal para a aplicação, segundo Schürmann é o pescoço, na região de maior musculatura (atrás da orelha, por exemplo).

Durante toda a vacinação, adverte o especialista, é preciso observar se houve refluxo da vacina. Em caso positivo, é preciso fazer outra aplicação. Schürmann alerta ainda que o ideal é trocar a agulha a cada aplicação.

Via Subcutânea – Na via subcutânea, explica o especialista, a vacina é aplicada abaixo da pele. Segundo Schürmann, a vacinação subcutânea é mais difícil de ser realizada, uma vez que o comprimento da agulha é mais curto. “Nesse caso há a necessidade de puxar a pele, exigindo do vacinador mais atenção”, explica. Ele recomenda que a aplicação seja realizada em regiões que se tenha uma quantidade maior de pele solta, como a região da virilha e do pescoço.